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Opinião
Sexta - 30 de Julho de 2021 às 11:30
Por: Juliano Coelho Philippi

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Como sei se sou alérgico a camarão? Tenho familiares alérgicos, isso quer dizer que também serei? Sei que tenho alergia a camarão, posso fazer exames com contraste? O que fazer em caso de reação grave por alergia alimentar? Estas são as principais dúvidas que os pacientes têm levado ao meu consultório ultimamente.

Antes de responder a esses questionamentos, é importante explicar que os frutos do mar são uma das principais causas de alergia alimentar imediata em adultos e que os casos vêm aumentando ano após ano, tendo o camarão como o principal causador.

Alergia imediata é aquela em que os sintomas aparecem nas primeiras duas horas após a ingestão. Os sintomas mais comuns são coceira, placas avermelhadas e inchaços, principalmente no rosto. Em situações mais graves pode haver náuseas, vômitos, vontade de defecar, tosse, falta de ar, tontura e desmaio. Nestes casos, se a alergia não for tratada a tempo pode levar à morte.

Para realizar o diagnóstico, é necessário buscar os indícios, ainda que leves, de uma reação alérgica. Para tanto, é preciso atenção em fatores associados, como outros alimentos, condimentos utilizados e risco de contaminação do prato com outros alérgenos, o que é comum em restaurantes. Atividades físicas e alguns medicamentos antes do consumo também precisam ser investigados.

Somente após essa investigação, os exames laboratoriais e teste alérgicos poderão ser indicados e seus resultados interpretados. Com isso afirmo: um exame positivo para camarão não é suficiente para dar o diagnóstico de alergia a este alimento. Por outro lado, o diagnóstico dessa alergia pode indicar alergia a outros frutos do mar, e essa condição deve ser identificada.

Vale ressaltar que o desenvolvimento da alergia alimentar é multifatorial, envolvendo fatores genéticos e principalmente fatores ambientais, como a frequência com que se tem contato com o alimento. Sendo assim, o fato de alguém na família ser alérgico, não indica que você também será. Por outro lado, o fato de você já ter ingerido camarão sem apresentar reação no passado não afasta totalmente o risco de você desenvolver alergia. Normalmente, ninguém nasce com alergia, elas são desenvolvidas ao longo da vida.

Outra informação muito difundida, inclusive entre profissionais de saúde, é a relação entre alergia a camarão e contrastes iodados. Isso é um mito, e essa relação não existe. Quando for realizar um exame e te perguntarem se você é alérgico ao contraste, você só deve responder que sim se apresentou algum sintoma em exame anterior. Em caso de dúvida, converse com o médico responsável pelo procedimento e se certifique de que o local está preparado para tratar uma reação, caso ela ocorra pela primeira vez. Esse preparo é obrigatório.

Finalmente, numa situação em que sinta ou presencie alguém apresentando sinais de reação alérgica grave, com aparecimento de náuseas, vômitos, falta de ar, turvação visual, tontura e ou desmaio, é fundamental a busca de um atendimento médico o mais rápido possível. Nestes casos, eventos fatais só poderão ser prevenidos com o uso de adrenalina ou epinefrina injetável, medicações essa que no Brasil só temos disponíveis para uso hospitalar.

Caso você tenha se identificado com alguma das situações acima, ou conheça alguém que se enquadra, é importante procurar um médico alergista para esclarecer a situação e receber as orientações necessárias.

* Juliano Coelho Philippi é médico alergista e imunologista - julianoalergista@gmail.com



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