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Opinião
Sábado - 14 de Agosto de 2021 às 11:04
Por: João Edisom de Souza

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As últimas eleições para presidente e governadores, que ocorreram em 2018, mostraram que o povo brasileiro estava descontente com as constantes evidências de corrupção, com os rumos da economia e com os conchavos e protecionismo dos políticos.

Passados dois anos e meio é possível afirmar que nada mudou, ou praticamente pouco foi alterado. Isso tem explicação.

O presidente da República não desceu do palanque para governar. Interferiu em outras áreas que constitucionalmente não compete ao Executivo. Retardou ou não enviou ao Congresso os projetos de reforma que deveria enviar, é reativo e flexível excessivamente nas palavras, tem baixa ou quase nenhuma diplomacia, se apega facilmente a birras bizarras e ainda tem que enfrentar uma grave crise sanitária, além dos conflitos de interesse que fazem parte dos processos de encaminhamento de reformas.

Mark Twain com muita propriedade afirmou que “você não pode confiar em seus olhos quando sua imaginação está fora de foco”. Essa afirmação encaixa como uma luva em qualquer analise onde as pessoas são levadas a apenas torcer sem fazer análise ou autocrítica.

Passados dois anos e meio é possível afirmar que nada mudou

O resultado de tudo isso é o destarte antecipado do processo eleitoral de 2022, o assombramento com a inflação se aproximando dos 10% no acumulado de doze meses, o aumento do número de pessoas entrando na linha da miséria, aumento das taxas de endividamento individual e queda nos níveis de empregabilidade.

O que vai bem? O comércio, que teve um alívio com a entrada do auxílio emergencial, mas já cai vertiginosamente, principalmente em estados do norte e nordeste, embora a aprovação de um novo “bolsa família” e a aproximação de datas comemorativas importantes e do final do ano podem equilibrar novamente; alguns setores da indústria, principalmente aqueles que transformam produtos primários; e o mais lucrativo de todos: o agro, muito por uma política de aumento do dólar.

Temos problemas, só que o maior deles está na ausência de planejamento e falta de foco. O governo Bolsonaro não tem mais tempo de entregar o que prometeu em 2018, pois já usa o mesmo modus operandi dos governos já rejeitados pela população mais consciente e um pouco mais racional.

Steve Jobs afirmava que “algumas pessoas acham que foco significa dizer sim para a coisa em que você irá se focar. Mas não é nada disso. Significa dizer não às centenas de outras boas ideias que existem. Você precisa selecionar cuidadosamente”.

Isso tanto é verdade que o atual presidente está constantemente mobilizando a população para tratar de pautas que dizem respeito apenas e tão somente a outros poderes. Cuidou da urna eletrônica que não é sua e não cuidou das urnas funerárias causadas pela Covid, que é de sua obrigação, segundo a constituição. Isso tem confundido a população sobre o papel de cada poder! Vivemos um processo de deseducação política!

Tapar os buracos da corrupção se tornou a prioridade número um na atual gestão. Por isso decretar silêncio sobre documentos e ações do governo para que não sejam investigados já virou uma constante. E de tanto negar o óbvio corre o risco de trazer o passado tão recente e tão rejeitado para o campo do favoritismo nas próximas eleições. Quando elegemos ou reelegemos o passado ficamos sem futuro.

De tanto usarmos a Venezuela, Argentina, Cuba, Correia do Norte e China como vidraças para atirarmos nossas pedras é que estamos ficando mais iguais que diferentes deles. Na forma de fazer política e na miséria de parte significativa da população. Afinal quem não tem foco acaba atropelado pelos seus próprios medos.

João Edisom de Souza é analista político.



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