Carismas, intervenções de Deus na história
A Igreja Católica atravessa um período de ebulição, de vivência renovada da fé, de envolvimento dos jovens. Cresce a consciência de que a preservação dos valores morais, cristãos e familiares é fundamental para a construção de uma sociedade justa e feliz. Ao lado do grande número de Congregações e Institutos de Vida Religiosa centenários, floresce uma novidade na Igreja: os novos movimentos eclesiais, as novas comunidades que surgem diante da necessidade de uma nova evangelização. O conteúdo da mensagem, da Boa Notícia, é o mesmo de 2000 anos atrás. Os meios para comunicar essa verdade, entretanto, estão mudando. É Deus quem, mais uma vez, suscita carismas novos, em meio à sociedade atual.
Já li, certa vez, que os carismas são como as pérolas de um lindo colar, unidos pelo fio que é Jesus. Que beleza contemplar a diversidade e a riqueza de carismas e de vocações na Igreja. Religiosos, religiosas, leigos, pessoas que assumem a consagração que receberam no batismo e que doam suas vidas pelo Reino de Deus. Não é por que existe pluralidade que não existe comunhão. Um carisma complementa o outro.
Na época da escravidão no Egito, Deus fez nascer Moisés para que fosse canal da libertação daquele povo. Já na Terra Prometida, no lugar para onde Deus conduziu o seu povo, muitas pessoas se afastaram dEle. E Ele próprio suscitou juízes, reis e profetas para intervir nas consequências de seus atos. Quantas vezes somos assim: teimosos, cabeças-duras e mal-agradecidos. E Deus, com seu amor infinito, intervém, sempre. Inúmeras vezes, mal percebemos.
Assim, seguiu e segue a vida do povo de Deus. Ele distribui os dons e se utiliza sempre de instrumentos eficazes para amar e cuidar do seu povo. Ele não desampara nem se esquece de seus filhos. Deus provou seu amor, enviando seu Filho, que fez-se homem e nos garantiu o Céu. Em Pentecostes, derramou seu Espírito Santo e distribuiu dons. E como Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre, esta experiência continua acontecendo.
O apóstolo Paulo, na carta dirigida aos Coríntios, e que hoje é remetida a nós, fala sobre a diversidade de dons, carismas, que podemos traduzir como missões específicas que cada um recebe para cumprir em sua vida. Dons estes que não são, portanto, para serem guardados, mas colocados a serviço. Durante períodos de guerras dos nossos tempos, por exemplo, Deus suscitou congregações de religiosas para cuidar dos feridos. Em regiões onde a miséria se faz presente, Ele suscita carismas que conseguem encontrar Jesus no pobre e ampará-lo como se ele fosse o próprio Cristo.
Não existe medalha que pague o esforço desses que correm na contramão de um mundo secularizado, de uma sociedade que, tantas vezes, faz apologia à desvalorização da vida, da família, dos valores, de Deus. As boas-novas que surgem na Igreja, hoje, comprovam o que o Papa Bento XVI disse no início do mês missionário, dia 2 de outubro: “O anúncio do Evangelho é o serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à humanidade”.
*Danusa Silva do Rego é jornalista e membro da Canção Nova em Roma
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