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Opinião
Quinta - 19 de Agosto de 2021 às 16:05
Por: Thiago Itacaramby

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Os acidentes de trânsito envolvendo ciclistas aqui no Brasil cresceram 30%, de janeiro a maio, em comparação com o ano passado. Durante a pandemia, as vendas de bicicletas cresceram 118%, mais que o dobro.

Dados da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) apontam que quase 7 mil ciclistas ficaram feridos em vias e rodovias nos primeiros cinco meses deste ano.

Os acidentes com os ciclistas, mesmo com menos carros circulando nas ruas, causam estragos nas ruas. O estudo foi feito com base nos atendimentos prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Mudança de comportamento ou até mesmo estilo de vida, enfim, os negócios operados por esse tipo de modal logístico estão evidenciando tristes tragédias anunciadas por todo País.

É notório (em especial nos grandes centros urbanos) que cada vez mais as pessoas estão trocando os carros pelas bicicletas e, com isso, refletindo no aumento significativo das ocorrências. É preciso entender esse novo cenário e políticas públicas pró-urbanismo.

Existem mais bicicletas do que carros no Brasil. São cerca de 50 milhões de bikes contra 41 milhões de automóveis. A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

É notório que cada vez mais estão trocando os carros pelas bicicletas

Apesar disso, apenas 3% das viagens diárias no Brasil são realizadas por ciclistas, enquanto 25% são feitas com automóveis, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP). O risco de morte é um dos principais motivos para essa triste realidade.

Segundo os dados analisados da Abramet, a maioria dos ciclistas atropelados são homens, com idade entre 20 e 29 anos. É o caso do guia de turismo Plínio Riuji, 37 anos, que morreu em atropelamento registrado em Chapada dos Guimarães.

Conforme a Polícia Militar, a tragédia foi registrada na ciclovia, que dá acesso ao Mirante, um dos principais pontos turísticos da região. A bicicleta ficou totalmente destruída e o rapaz morreu no local do acidente.

Neste caso, o causador do acidente não prestou socorro à vítima.

A Abramet aponta que a ausência de infraestrutura adequada nas cidades, combinada com a falta de campanhas educativas e de prevenção voltadas aos ciclistas, são o principal motivo do crescimento dos indicadores de acidentes fatais. Outro fator é a insustentabilidade da malha viária que cresce desordenadamente nas cidades.

Não há debates, projetos, investimentos, alinhamentos, com os usuários, ou se quer interesse do poder público em oferecer novas ocupações, com foco no bem-estar das pessoas.

Mais ciclovias e ciclofaixas, por favor. Elas precisam existir e serem respeitadas cada vez mais, por nós, sociedade. Sem entrar no mérito, mas já entrando, as consequências judiciais precisam ser aprimoradas.

Ora, a justiça deveria ser mais rigorosa com quem causa esses acidentes. As penalidades no País são irrisórias. Audiência de custódia para o infrator fazer o Pix do pagamento da fiança é uma afronta a todos nós.


Thiago Itacaramby é gestor ambiental e comunicador social em Cuiabá.



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