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A faixa de pedestre e a multa
Virou moda, nos últimos meses, a exigência de respeito à faixa de pedestres. Depois de pelo menos sete décadas de omissão, deixando que motoristas e pedestres “se entendessem”, as autoridades de trânsito querem, agora, que esses dois entes mal educados passem a se comportar como se estivessem na Holanda. Enquanto esse desejo era colocado em prática através de campanhas educativas, tudo bem. Mas, não demorou para batermos de frente com a verdadeira intenção de nossos vorazes governantes. Motorista que desrespeita a faixa leva multa de R$ 85,12 a R$ 191,53 e de três a sete pontos na carteira.
É difícil não crer que o principal objetivo seja arrecadar. Mas também não podemos deixar de identificar outros efeitos das ações. Se, por um lado, pode se conseguir a redução do número de acidentes nas faixas, na outra ponta, a campanha cria a falsa idéia de que pelo simples fato de estar na faixa o pedestre está protegido e basta erguer a mão para poder atravessar. Isso é um engano na maioria de nossas cidades, de motoristas e pedestres rebeldes ou descuidados. É preciso dizer ao pedestre que, além de dar o sinal, ele só deve atravessar depois que o carro parar.
Da mesma forma que passaram anos, décadas, sem nada exigir de motoristas e pedestres, a máquina controladora do trânsito também deveria estar programada para passar anos cuidando da educação e da solução dos conflitos entre o veículo e o homem na via pública. Além da faixa de pedestre, teria de cuidar da desobstrução das calçadas, evitar que ciclistas e motoqueiros transitem pelo local reservado aos pedestres e, também, impedir que o pedestre circule pelas áreas destinadas aos veículos. Cumpridas essas etapas, aí, sim, teria chegado a hora de cuidar da faixa, que é o local onde inevitavelmente se encontram veículo e pedestre. Do jeito que o sistema funciona hoje, pouco adianta proteger o pedestre na faixa, pois ele pode ser atropelado e morto ao tentar atravessar a rua a poucos metros dela.
Trânsito numa cidade é um conjunto de medidas, umas ligadas às outras de forma a garantir o funcionamento do todo. O objetivo principal dessas medidas é garantir condições para que cada indivíduo em segurança chegue ao seu destino, utilizando os meios de transportes e recursos que a tecnologia colocou à sua disposição. As autoridades têm o dever básico de criar condições para o funcionamento harmônico do conjunto. Mas, infelizmente, o que mais ocorre é intervenção pontual e movida mais pelo impulso, sem qualquer benefício para o sistema.
Noticia-se que não só na Europa, mas também em Brasília, é hábito o motorista dar preferência de passagem ao pedestre na faixa. Melhor do que meter a mão no bolso dos nossos motoristas com multas e pontos, seria ir à capital federal e perguntar como é que lá se conseguiu criar essa consciência. Isso não garante renda, mas pode salvar vidas e até tornar mais fácil o trânsito em nossas grandes e médias cidades...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br
É difícil não crer que o principal objetivo seja arrecadar. Mas também não podemos deixar de identificar outros efeitos das ações. Se, por um lado, pode se conseguir a redução do número de acidentes nas faixas, na outra ponta, a campanha cria a falsa idéia de que pelo simples fato de estar na faixa o pedestre está protegido e basta erguer a mão para poder atravessar. Isso é um engano na maioria de nossas cidades, de motoristas e pedestres rebeldes ou descuidados. É preciso dizer ao pedestre que, além de dar o sinal, ele só deve atravessar depois que o carro parar.
Da mesma forma que passaram anos, décadas, sem nada exigir de motoristas e pedestres, a máquina controladora do trânsito também deveria estar programada para passar anos cuidando da educação e da solução dos conflitos entre o veículo e o homem na via pública. Além da faixa de pedestre, teria de cuidar da desobstrução das calçadas, evitar que ciclistas e motoqueiros transitem pelo local reservado aos pedestres e, também, impedir que o pedestre circule pelas áreas destinadas aos veículos. Cumpridas essas etapas, aí, sim, teria chegado a hora de cuidar da faixa, que é o local onde inevitavelmente se encontram veículo e pedestre. Do jeito que o sistema funciona hoje, pouco adianta proteger o pedestre na faixa, pois ele pode ser atropelado e morto ao tentar atravessar a rua a poucos metros dela.
Trânsito numa cidade é um conjunto de medidas, umas ligadas às outras de forma a garantir o funcionamento do todo. O objetivo principal dessas medidas é garantir condições para que cada indivíduo em segurança chegue ao seu destino, utilizando os meios de transportes e recursos que a tecnologia colocou à sua disposição. As autoridades têm o dever básico de criar condições para o funcionamento harmônico do conjunto. Mas, infelizmente, o que mais ocorre é intervenção pontual e movida mais pelo impulso, sem qualquer benefício para o sistema.
Noticia-se que não só na Europa, mas também em Brasília, é hábito o motorista dar preferência de passagem ao pedestre na faixa. Melhor do que meter a mão no bolso dos nossos motoristas com multas e pontos, seria ir à capital federal e perguntar como é que lá se conseguiu criar essa consciência. Isso não garante renda, mas pode salvar vidas e até tornar mais fácil o trânsito em nossas grandes e médias cidades...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br
URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/399/visualizar/
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