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Center Norte, o risco e a omissão
O caso do Center Norte, um dos maiores centros comerciais do país, construído no inicio dos anos 80 sobre um antigo “lixão”, na Vila Guilherme (São Paulo), é a demonstração de que ainda precisamos evoluir muito para podermos nos considerar um país desenvolvido. Não é segredo que, por décadas, o lixo produzido pela população e até por empresas era lançado em erosões e abandonado na periferia, sem qualquer preocupação ambiental. Depois adotou-se o procedimento de cobri-lo com terra e, até hoje, ainda não temos a destinação adequada dos rejeitos, apesar de toda a pregação ecológica. Fala-se mais do que se faz.
Quando autorizaram a edificação do shopping naquele terreno, as autoridades e órgãos técnicos deveriam ter levado em consideração os riscos inerentes ao gás metano e a outras substâncias emitidas pelo lixo ali depositado e, pelo menos, exigido a adoção de medidas técnicas de mitigação. Pelo que se noticiou, desde 2004 estão identificadas as necessidades de obras que desviem dos prédios e joguem na atmosfera o gás produzido pelo lixo. Mas foi só agora, sete anos depois, que as autoridades resolveram agir com severidade para resolver o problema. E o fizeram com pesadas multas e a ordem de fechamento.
Não temos e nem queremos procuração para defender o empreendimento. Mas algumas perguntas insistem em não calar. Quais foram os órgãos que autorizaram a construção e funcionamento? Já conheciam os riscos causados pelo lixo? Por que demoraram 20 anos (de 1984 a 2004) para começar a exigir providências? O que fizeram nesses últimos sete anos, quando o problema já estava identificado? E agora, existe algum fato novo que coloque o lugar em risco e exija a medida extrema do fechamento? O problema é tão greve que justifique o encerramento de mais de 400 lojas e milhares de postos de trabalho?
Numa sociedade organizada, o poder público tem deveres dos quais não pode fugir. Além de cobrar taxas e tributos, os órgãos homologadores e fiscalizadores têm responsabilidades sobre aquilo que produzem. Quem autorizou a construção e operação do Center Norte tem tanta responsabilidade quanto seus empreendedores. Quem o fiscalizou durante essas quase três décadas é também responsável e não isso pode mudar de uma hora para outra. De repente, o empreendedor é transformado no demônio e os órgãos públicos omissos colocam-se como paladinos. É preciso que todos assumam suas responsabilidades e, juntos, busquem a solução.
Além do centro comercial, ainda existe um conjunto Cingapura – prédio construído no lugar de antiga favela – possivelmente ameaçado pelo antigo lixão. É necessário também resolver o problema dessa gente pobre. Mas o pior é que, por todo o Brasil, há milhares de edificações sobre o lixo. O que fazer para protegê-las? Estariam todas ameaçadas? Poderão explodir? Onde estão as autoridades?
É por isso que não podemos reclamar quando dizem que não somos um país sério...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br
Quando autorizaram a edificação do shopping naquele terreno, as autoridades e órgãos técnicos deveriam ter levado em consideração os riscos inerentes ao gás metano e a outras substâncias emitidas pelo lixo ali depositado e, pelo menos, exigido a adoção de medidas técnicas de mitigação. Pelo que se noticiou, desde 2004 estão identificadas as necessidades de obras que desviem dos prédios e joguem na atmosfera o gás produzido pelo lixo. Mas foi só agora, sete anos depois, que as autoridades resolveram agir com severidade para resolver o problema. E o fizeram com pesadas multas e a ordem de fechamento.
Não temos e nem queremos procuração para defender o empreendimento. Mas algumas perguntas insistem em não calar. Quais foram os órgãos que autorizaram a construção e funcionamento? Já conheciam os riscos causados pelo lixo? Por que demoraram 20 anos (de 1984 a 2004) para começar a exigir providências? O que fizeram nesses últimos sete anos, quando o problema já estava identificado? E agora, existe algum fato novo que coloque o lugar em risco e exija a medida extrema do fechamento? O problema é tão greve que justifique o encerramento de mais de 400 lojas e milhares de postos de trabalho?
Numa sociedade organizada, o poder público tem deveres dos quais não pode fugir. Além de cobrar taxas e tributos, os órgãos homologadores e fiscalizadores têm responsabilidades sobre aquilo que produzem. Quem autorizou a construção e operação do Center Norte tem tanta responsabilidade quanto seus empreendedores. Quem o fiscalizou durante essas quase três décadas é também responsável e não isso pode mudar de uma hora para outra. De repente, o empreendedor é transformado no demônio e os órgãos públicos omissos colocam-se como paladinos. É preciso que todos assumam suas responsabilidades e, juntos, busquem a solução.
Além do centro comercial, ainda existe um conjunto Cingapura – prédio construído no lugar de antiga favela – possivelmente ameaçado pelo antigo lixão. É necessário também resolver o problema dessa gente pobre. Mas o pior é que, por todo o Brasil, há milhares de edificações sobre o lixo. O que fazer para protegê-las? Estariam todas ameaçadas? Poderão explodir? Onde estão as autoridades?
É por isso que não podemos reclamar quando dizem que não somos um país sério...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br
URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/401/visualizar/
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