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Opinião
Domingo - 19 de Setembro de 2021 às 09:56
Por: Renato de Paiva Pereira

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Foi um fracasso o movimento da oposição a Bolsonaro ocorrido no último 12 de setembro. Isto, entretanto, não quer dizer que o governo tenha saído fortalecido. Manifestações são bons programas para desanuviar nos tediosos feriados urbanos, mas não indicam vitória nas urnas.

Independentemente deste volume não se traduzir em votos no ano que vem, foi um verdadeiro “passeio”: dizem que à Avenida Paulista, por exemplo, compareceram mais de 120 mil pessoas no dia 07 de setembro, contra cerca 6 mil no dia 12. Feitas as contas, para cada opositor, mais de 20 eleitores foram às ruas, apoiando o atual Presidente.

Mesmo assim, a despeito da flagrante insignificância numérica dos contrários, muitos líderes da passeata, apoiados por alguns veículos de comunicação, tentaram “tapar o sol com a peneira” resistindo em assumir o fiasco.

E assim, de passeata em passeata (a próxima será daqui a 15 dias), de bravata em bravata, de esperteza em esperteza, vamos caminhando para 2022 cada vez mais irados e divididos

Eleitoralmente, entretanto, o fracasso de um movimento e o sucesso de outro, não alteram o processo eleitoral, que contínua desfavorável ao Presidente. Pesquisa divulgada neste último dia 16/09/2021 mostram que 53% da população brasileira rejeita o Bolsonaro, contra 24% que o apoiam. Ainda conforme a mesma pesquisa, em eventual segundo turno o Lula teria 56% dos votos e o Presidente, somente 31%. Ou seja, o primeiro teria quase o dobro dos votos do segundo.

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Na verdade, o protesto contra o Bolsonaro só não encheu a Esplanada dos Ministérios em Brasília e a Avenida Paulista em São Paulo (a esquerda adora manifestações), porque o Lula, o Psol e o PT não aderiram a ele. Não só lhe recusaram apoio, como o questionaram publicamente, desanimando a militância.

A chamada “Terceira Via” tentou faturar em cima do movimento, exibindo seus líderes (Ciro Gomes, João Dória, Luiz Mandetta etc.) para tentar fazê-los decolar, mas por enquanto nenhum deles chega a 10%, nas pesquisas de intenção de votos. Nem o veterano e truculento Ciro, velho conhecido de outros carnavais, mostra alguma chance de chegar ao segundo turno.

Para piorar nossa situação não há como negar que o petista é matreiro, finório e astucioso, contrapondo-se ao rústico e bronco Bolsonaro, especialista em entrar em barcas furadas.

E assim, de passeata em passeata (a próxima será daqui a 15 dias), de bravata em bravata, de esperteza em esperteza, vamos caminhando para 2022 cada vez mais irados e divididos. No fim, se não aparecer um fato novo, vamos escolher uma das duas cebeças peçonhentas que há 17 anos envenenam a nação: petismo e bolsonarismo.

Por falar em fato novo, é bom lembrar que esboça-se a união entre PSL (partido pelo qual Bolsonaro foi eleito, mas que abandonou em seguida) e o DEM. Trata-se de uma decisão que pode ter grande influência na eleição do próximo presidente.

De repente, pode estar nascendo aí uma alternativa ao dilema de escolher entre o ruim e o pior.

Se esta fusão dos dois partidos conseguir convencer a turma de centro-esquerda e a de centro-direita a lançarem um só candidato, começa a surgir, ainda que timidamente a possibilidade de desengolirmos o “Cavalão”*, sem termos que engolir o “Sapo Barbudo”* novamente.

*Apelidos de Bolsonaro na Caserna e do Lula (dado pelo Brizola).

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor.



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