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Opinião
Sexta - 30 de Setembro de 2011 às 14:55
Por: Antonio Cavalcante e Vilson Nery

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Falar criticamente em relação à Copa do Mundo de 2014 nos dias de hoje é quase uma heresia, mesmo sabendo-se do alto índice de corrupção que cerca o tema.

Lembremos que em Mato Grosso a problemática Agecopa foi extinta pelos deputados no dia de ontem (29/09) e hoje (30/09) o Diário Oficial (www.iomat.mt.gov.br) publicou diversos contratos assinados pela agência falecida, na ordem de dez milhões de reais (R$ 10.000.000,00). É o típico caso de morto que [ressuscita e] assina contrato.
Tudo em prol do ‘legado da Copa’. Mas que legado seria este?

A paupérrima África do Sul, que sediou o mundial de futebol no ano de 2010, sofreu melhoria de vida de seu povo, graças às obras da Copa do mundo?

Parece que não. Para a maioria dos sul-africanos restaram desilusões com a Copa do Mundo.

Passada a euforia do evento, milhões de cidadãos continuavam desempregados e a África do Sul voltava à sua dura realidade. Após o ‘circo da Copa’ deixar o país, ficou a pobreza, a aids, a violência, a desigualdade social e, principalmente, uma divisão profunda entre os líderes sobre qual deve ser o projeto de país para a África do Sul.

Em relação ao legado da Copa 2010, apesar do sentimento de orgulho (na época) o povo vive uma grande desilusão (atualmente). Havia expectativas altas, mas, passado um ano da Copa da África do Sul, ficou claro que não houve ganhos econômicos (menos ainda distribuição de renda).

A Copa do Mundo da África do Sul somou apenas 0,3% ao PIB (Produto Interno Bruto) daquele país no ano passado, longe da projeção inicial esperada, em 3%. Quando findou o evento futebolístico, os trabalhadores sul-africanos voltaram à vida de antes, sem sentir melhorias no cotidiano e sem terem mais oportunidades de emprego.

Ao que parece, lá na África do Sul, a Copa do Mundo foi um valioso instrumento para o setor privado lucrar.

As preocupações (nossas) são pertinentes.

Na próxima semana, representantes da BWI, da rede internacional StreetNet (que reúne vendedores ambulantes), brasileiros da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional) irão se reunir, na Alemanha, para discutir os ganhos sociais que um acontecimento como o Mundial de Futebol pode trazer.

Não podemos ficar inertes. Nossa preocupação precisa ir além da escola dos ‘tocadores’ de obras da Copa do Pantanal.

O Brasil espera receber 600 mil turistas internacionais e arrecadar 3,9 bilhões de reais só com esses visitantes durante a Copa do Mundo. Em 2010, a África do Sul recebeu 373 mil turistas estrangeiros – por outro lado, 483 mil visitantes internacionais estiveram no país em 2007.

Ou seja: o turismo decorrente da Copa do Mundo, na África, foi inferior à média de visitas anteriores. Ainda que o Brasil (e Mato Grosso) tenham aumento no fluxo de turistas, há estrutura para recebê-los?

E estes gastos bilionário (em estádios), se justificam?

A reclamação dos sul-africanos sobre os altos gastos com a Copa do Mundo não foram ouvidas a tempo pelas autoridades locais. Há algumas semanas, o ex-presidente da organização da Copa do Mundo na África do Sul pediu desculpas ao país porque os estádios (de futebol) não são sustentáveis como ele havia previsto no planejamento original.

Em razão disso a administração federal africana planeja aumentar os impostos para arcar com os custos de manutenção de arenas esportivas. A arena de Cape Town custou aproximadamente 1 bilhão de reais (o dobro que a arena Pantanal, em Cuiabá). No local havia um estádio (tipo o antigo José Fragelli/Verdão). Mas a FIFA queria uma arena esportiva nova e o estádio foi construído do zero.

Quem será que lucrará com a Copa do Pantanal?

*Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery são militantes do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral)



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