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Opinião
Domingo - 03 de Outubro de 2021 às 11:28
Por: Renato de Paiva Pereira

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Propus-me escrever dez textos sobre o livro que estou preparando que é “Não Trabalhe para o Patrão”. Este é o nono.

O assunto de hoje é a recorrente reclamação dos empresários sobre a dificuldade de “mexer com gente”. Eles sempre culpam a baixa qualidade da mão de obra, a negligência e desmotivação dos funcionários pelos maus resultados obtidos e eventualmente pelo fracasso da empresa.

Também dizem que os fornecedores são ineficientes, atrasam as entregas, aumentam os preços a toda hora e não se preocupam com a qualidade dos produtos que vendem.

Se tudo isto não bastasse dizem que os clientes vivem reclamando, exigindo descontos, boa qualidade do produtos e ainda atrasam os pagamentos

Na mesma toada os prestadores de serviço seriam ineficientes, desmazelados e nunca estão disponíveis quando precisamos deles com urgência. Por culpa deles, a internet vive oscilando, os computadores travam, o sistema cai, o conjunto de refrigeração pifa nos piores momentos e o telefone fica mudo prejudicando as vendas.

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Se tudo isto não bastasse dizem que os clientes vivem reclamando, exigindo descontos, boa qualidade do produtos e ainda atrasam os pagamentos.

Com tantos funcionários ruins, fornecedores incompetentes, prestadores de serviço negligentes e clientes reclamadores não há como, eles garantem, no final do dia deixar de suspirar: “mexer com gente é difícil”.

Só tem um detalhe “mexer com gente” é a essência do mundo empresarial. Quem não sabe fazê-lo e não tem vontade de aprender, com certeza vai se dar mal no mundo dos negócios.

Os que não querem trabalhar para o patrão, desde o primeiro emprego não deve “pegar” essa balda dos patrões. Ao contrário convém aprender que o sucesso – ocupar uma posição de chefia, gerenciar um empreendimento, tornar-se diretor ou ter o seu próprio negócio – passa pelo o desenvolvimento da habilidade de relacionar-se com pessoas.

Isto implica desenvolver uma capacidade de cativar os clientes, investindo na conquista de sua confiança, o que resultará em fidelidade e consequente lucro para a empresa. Há muitas ferramentas para esse mister, mas é preciso selecionar as que mais se adaptam a cada negócio.

Os fornecedores devem ser selecionados com critérios claros e serem sempre valorizados. A cumplicidade com os parceiros evitará a troca recorrente e inevitável desgaste, desabastecimento ou descontinuidade dos produtos ofertados.

Quem não quer sempre trabalhar para o patrão deve observar as carências das empresas, as deficiências dos chefes e as falhas dos gerentes para não repeti-las. Especial cuidado merece a escolha e treinamento do pessoal, pois são os elementos da linha de frente os responsáveis pela imagem da empresas. Existem 3 oportunidades de ter bons empregados: uma quando contrata, segunda quando treina, terceira substituindo os que não assimilam treinamento.

Assim a culpa por não ter bons funcionários sempre é do patrão. Se este contratou mal, desperdiçou a chance de corrigir o erro com bom treinamento e recusou-se a trocar os que não se interessaram em aprimorar-se, não adiantar reclamar depois.

Você que trabalha para si mesmo, isto é, encara o patrão como um mal necessário - que pode ser passageiro - carece empenhar-se no aprimoramento da arte de relacionar-se com gente: os fornecedores, os prestadores de serviço, os funcionários, os cliente e, eventualmente, o próprio patrão.

E, desde cedo, assimile que “mexer com gente” pode ser difícil, mas é inevitável.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor



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