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Opinião
Segunda - 26 de Setembro de 2011 às 15:01
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Da forma que foram produzidas e divulgadas, as gravíssimas declarações do deputado Roque Barbiere (PTB) – de que deputados estaduais paulistas “vendem” suas emendas ao orçamento para um esquema de empreiteiras e prefeitos – colocam sob suspeita a totalidade dos 94 detentores de mandatos na Assembléia Legislativa de São Paulo e carecem de profunda investigação. Experiente,  já está no seu sexto mandato, o parlamentar deve saber o vespeiro em que mexeu e dispor de provas suficientes para sustentar suas denúncias. Se não o fizer, corre o risco de muitos dissabores, inclusive a perda do mandato por falta de decoro. Se tiver as provas, com certeza, poderá se transformar num paladino do combate à corrupção e a impunidade imporá muitas dificuldades a seus colegas vendilhões, a empreiteiros e até aos prefeitos que se sujeitaram a pagar comissão ou propina.

Alguns parlamentares já se pronunciaram exigindo que Barbiere dê nome aos acusados. Essa também é a esperança da sociedade que, em última análise, é a grande vítima do esquema denunciado. O dinheiro das emendas parlamentares é proveniente dos impostos recolhidos da população e se destina ao custeio de obras e serviços públicos. Na medida em que uma parte é desviada para o bolso dos políticos, empreiteiros ou qualquer atravessador, a finalidade não se cumpre.

Se Barbiere apresentar os nomes e provas do crime, terá prestado um grande serviço ao poder legislativo e à comunidade. Se não o fizer, além das retaliações que certamente sofrerá de seus colegas deputados, merecerá a reprova e o desprezo do povo. Depois de suas declarações, restam-lhe apenas os extremos: a confirmação com provas daquilo que afirmou ou, se não as tiver, a condenação e o ostracismo.

O Ministério Público já se interessou pelo assunto e deverá abrir apuração. Mas a própria Assembléia Legislativa não pode e nem deve perder essa oportunidade de executar a autofaxina. O tema constitui motivo mais do que suficiente para a imediata abertura de Comissão Especial de Inquérito para colocar tudo em pratos limpos. Ao final – esperamos todos nós – têm de ser cassados todos os vendilhões se eles realmente existirem, ou o deputado denunciante, se não conseguir provar o dito. O parlamento não pode, jamais, abrigar criminosos. E, quem recebe propina ou vende verbas públicas sob seu controle é criminoso, mas não é menos criminoso aquele que denuncia sem provas.  Aguarda-se que – diferente da prática que se cristalizou nesse pais de mensalões, dinheiro na cueca e outras falcatruas - o legislativo paulista seja suficientemente maduro para apurar a questão com absoluta isenção e sem o menor viés de corporativismo. O povo já vive enojado com a impunidade reinante no país. O palácio 9 de Julho ficou pequeno para abrigar denunciante e denunciados. É preciso levar o tema às ultimas conseqüências para, com isso, demonstrar à população que o conjunto dos parlamentares paulistas não compactua com a corrupção e que, quando ela é identificada, é prontamente punida. Quando deixa de fazer as necessárias depurações, a instituição nivela por baixo e todos os seus integrantes restam com a imagem e a dignidade manchadas.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br



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