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Opinião
Sábado - 30 de Outubro de 2021 às 09:04
Por: CAIUBI KUHN

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Quando eu era criança, no caminho entre a chácara onde morava e a escola, no mirante, no Parque Nacional e em alguns outros locais do município de Chapada dos Guimarães, eu encontrava fósseis de conchas, que mostravam que essa região já tinha sido mar um dia.

Acredito que esses fósseis foram um dos grandes responsáveis pelo meu fascínio pela ciência e pela geologia. Comecei então a descobrir quantos segredos maravilhosos estão guardados nas rochas deste território. E foi na escola Ana Tereza Albernaz, no Bairro São Sebastião, que, graças ao incentivo de professores, comecei a realizar meus primeiros trabalhos científicos.

Durante a graduação em geologia e o mestrado em geociência, ambos na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), me dediquei as pesquisas geológicas e paleontológicas em minha cidade natal. Estudei como se formaram as rochas que ocorrem desde o Distrito da Água Fria até a Comunidade de Jangada Roncador, região que conhecia desde criança, quando andava com meu pai pelo interior do município.

As rochas desta região guardam registros de desertos, vulcões e rios que já existiram em outras Eras do nosso planeta. Em meio a algumas destas rochas também estão os fósseis de dinossauros e outros animais que viveram durante o Período Cretáceo.

A história geológica de Chapada dos Guimarães é algo fantástico. As rochas que existem neste município ajudam a contar como era o ambiente e os seres que viveram em muitos momentos diferentes da história do planeta Terra.

Além disso, a evolução geomorfológica da região propiciou a formação de cavernas, cidades de pedras, centenas de cachoeiras e paisagens que encantam a todos.

E por que estou cotando isso para você leitor?

Nos últimos anos muitas pessoas e entidades estão trabalhando de forma conjunta para conseguir transformar Chapada dos Guimarães em um Geoparque UNESCO.

Este título é concedido para locais que possuam uma geologia excepcional e que desenvolvam um modelo de gestão territorial focado para o desenvolvimento sustentável, bem como realizem ações direcionadas ao geoturismo, educação e gestão adequada dos locais com geodiversidade de relevância extraordinária.

Se por um lado a obtenção do título de geoparque pode ajudar a atrair mais turistas e diversificar o turismo e artesanato local, além de agregar valor a outros serviços e produtos, gerando emprego e renda, por outro lado as iniciativas relacionadas a educação são um grande incentivo para que nossos jovens e crianças possam não só entender melhor o local onde moram, mas também criar gosto pela ciência e pelo estudo. Acredito que, assim como eu me encantei pela ciência ao ter contato com os fósseis, muitas outras crianças podem seguir o mesmo caminho.

Entender sobre as rochas, sobre o ciclo das águas, as mudanças no planeta, a evolução das plantas e animais, a formação dos solos, entre outros processos, ajuda a criar uma visão multidisciplinar que envolve desde geografia, física, química, história, biologia entre outras áreas.

Eu espero muito que Chapada consiga nos próximos anos ser reconhecida como um Geoparque Mundial UNESCO. Porém, as ações que estão sendo realizadas são importantes e ajudam no desenvolvimento do município mesmo caso o título não seja alçado.

Elas ajudam a fortalecer o turismo e a educação, e isso já é um ganho importantíssimo que pode fazer muita diferença no futuro. Se você quiser saber mais sobre o Projeto Geoparque, basta procurar nas redes sociais.

Caiubi Kuhn é professor na Faculdade de Engenharia (UFMT).



Fonte: MidiaNews

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