Eu sou a favor da vida e da economia O futuro da economia está em nossas mãos; se não fizermos algo, colheremos consequências
Já se passaram quase dois anos desde o início da pandemia de Covid-19. As restrições impostas ao comércio, a gravidade da doença e as milhares de mortes resultaram em diversos desafios pessoais e econômicos – consequências que serão sentidas por muito tempo. Hoje, com a redução no número de casos no Brasil, a economia começa a dar sinais de recuperação, no entanto, a falta de consciência coletiva quanto à necessidade de vacinação tem se apresentado tão perigosa quanto o próprio vírus.
Se analisarmos o gráfico de contaminação no Brasil, podemos perceber a contribuição da vacina para a queda no número de casos de contaminação e de mortes. Isso nos mostra que há um caminho. Está provado, cientificamente e através de dados reais e concretos que a vacina é capaz de frear as consequências graves da doença.
Os relatórios das secretarias municipais de saúde de Cuiabá – MT, e de outras cidades, mostram dados preocupantes: milhares de pessoas que tomaram a primeira dose, não retornaram aos polos de vacinação para concluir o ciclo com a segunda dose. Entretanto, sem contar com o fato mais grave ainda que muitos ainda não procuraram e se negam a tomar a vacina. Em Cuiabá, a cada 10 pacientes internados com Covid, nas últimas duas semanas (de 14 a 27/10), 70% não tomaram a vacina contra a doença, (7 em cada 10).
O nosso futuro, a saúde das famílias e a saúde financeira das empresas depende da nossa atitude tomada agora
Pode parecer cansativo, mas é preciso falar sobre isso. O nosso futuro, a saúde das famílias e a saúde financeira das empresas depende da nossa atitude tomada agora. A omissão ou indiferença pode fazer com que retornemos a um cenário difícil socialmente e economicamente.
Quando tudo começou, diante do isolamento, do medo e das limitações impostas, clamávamos por uma solução. Isso precisa voltar à nossa memória. Depois de muito negacionismo e campanhas a favor e contra remédios como a cloroquina e ivermectina (do Kit Covid), hoje já há diversos estudos mostrando que não há comprovação de eficácia destes tais medicamentos para tratamento de Covid, sendo eles, inclusive, perigosos para pessoas hipertensas, por exemplo.
No cenário atual, finalmente as vacinas foram compradas e são enviadas quase que semanalmente pelo Ministério da Saúde. O Governo do Estado faz a distribuição aos municípios e as prefeituras já prepararam a estrutura para a aplicação das doses. Onde está o problema então?
Antes de qualquer coisa, vamos democratizar a informação para que todos entendam que o futuro da economia está em nossas mãos. Se não fizermos algo, logo colheremos mais consequências. Não adianta ficar apontando culpados, a solução é cada um de nós assumir que precisamos fazer a nossa parte.
Mato Grosso não aparece numa posição favorável no ranking da vacinação, apesar do Governo do Estado lançar a campanha para premiar os municípios que mais aplicarem doses de vacinas. Algumas prefeituras até mesmo fazem apelo para que as pessoas compareçam para tomar o imunizante. Prova-se assim a necessidade de todos seguirem o mesmo objetivo, preservar a vida e um futuro melhor a todos.
Aqui no estado, ainda temos menos da metade da população vacinada com as duas doses (47,25 %). A média nacional está em 53,93% dados de 29/10/21, sendo que o ideal, segundo os cientistas, é que a população atinja no mínimo 80% da população vacinada com as 2 duas doses para começar a afrouxar as medidas de proteção, e, ao invés de ficarmos discutindo se está na hora de liberar o uso de máscaras, vamos trabalhar para levar aos postos de vacinação essas pessoas que ainda não se vacinaram o mais rápido possível. Só desta forma será possível o retorno total das atividades econômicas.
Talvez seja necessário lembrar que há pouco mais de um ano, cientistas do mundo inteiro corriam contra o tempo com estudos e experimentos, para tentar paralisar a ação do vírus. Chegamos a registrar milhares de mortes por dia no Brasil, sistema de saúde público e privado em colapso, falta de leitos em enfermarias e UTIs, e até mesmo ausência de oxigênio. Neste contexto de dor e sofrimento, as famílias sequer puderam se despedir de seus entes queridos. Já são mais de 606.726 mortes em todo o país.
Em Mato Grosso, chegamos a 546.376 infectados e quase 14 mil mortos, desde o início da pandemia. No dia 2 de abril de 2021, o Estado atingiu a pior marca: 113 mortes em 24 horas. Até agora, mais de 530 mil pessoas conseguiram se recuperar, mas sabemos que muitos ainda enfrentam as sequelas da doença. Hoje, os boletins divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde mostram redução no número de casos diariamente, temos esperança, mas precisamos da certeza de dias melhores.
Uma das ferramentas que aprendi na minha vida profissional e que pode ser levada para a vida, é o “BENCHMARKING” – que é algo muito simples: você não precisa errar para aprender. Todos podemos aprender com os erros e experiências dos outros, isso dá rapidez ao processo. Embora os números apareçam em queda, com o avanço da vacinação, os cuidados para prevenir a Covid-19 devem ser mantidos e toda a orientação das equipes de saúde precisa ser seguida.
Recentemente, passando por uma rua no centro de Cuiabá, presenciei vários vendedores, convidando as pessoas a entrarem em suas lojas, expondo as promoções para as pessoas que passavam na rua, mas usavam a máscara no queixo ou pendurada em uma das orelhas. Quem está oferecendo o serviço ou produto deve oferecer um ambiente seguro, não o contrário. Certamente o cliente está ali para satisfazer suas necessidades, mas, se sentir confortável e amparado, irá consumir mais e com certeza voltará.
Estamos num momento de discussão sobre implementação do passaporte da vacina, onde o cliente tem que estar com cartão de vacinação da COVID-19 atualizado para adentrar no comércio ou lugares fechados em geral, mas, essa alternativa traz diversas controvérsias e intermináveis discussões.
Diante desta realidade quero lançar uma campanha denominada “passaporte reverso”, que seria acima de tudo a chave para alavancar a vacinação, começando pelo exemplo, pelos de casa, ou seja, pelos empresários e colaboradores, assim traremos segurança e assertividade econômica e consequentemente, qualidade de vida. Precisamos verificar se nossos colaboradores estão vacinados, quais as dúvidas que têm e principalmente os motivos pelos quais se recusam a se imunizar.
Ninguém deve ser obrigado a nada, mas também ninguém é obrigado a permitir que seus negócios, empresas, vidas, deixem de existir ou sejam prejudicados por falta de esclarecimentos a respeito da vacina. Já está comprovado, que pessoas não vacinadas trazem mais risco de transmissão do vírus. Portanto, uma campanha de conscientização eficiente e com intenções claras, acredita-se que os colaboradores irão aderir em prol de qualidade de vida, saúde física e financeira, os quais precisamos urgentemente. Vivemos em sociedade, um depende do outro. Em um ambiente, sou empresário, no outro sou cliente, ou em um lugar sou o prestador de serviço, no outro sou usuário de serviços.
Então, é momento de pensar como um todo. Não podemos agir como alguns países que chegaram a 70% de pessoas imunizadas, mas relaxaram em relação aos protocolos e viram as contaminações voltarem, como é o caso do Reino Unido. Ou aqueles países que não conseguiram vacinar mais que 30% da população, como a Rússia.
Tem, como exemplo também os EUA, que nos ajudam muito a entender a importância da conscientização em relação à vacina. Lá, em alguns estados, ainda resistem em se vacinar, por falsas crenças ou medo, e, por isso sofrem com muitas mortes, já em outros, os casos de Covid-19 estão em queda e assim, a economia volta a crescer com segurança.
Onde estão essas pessoas que fazem parte da estatística de indivíduos que ainda não tomaram a segunda dose?
Elas estão nas nossas casas, empresas, lojas e nas nossas entidades, na nossa rua, na nossa cidade, portanto, se nos unirmos nessa campanha que estou propondo, o “Passaporte Reverso”, vamos zerar essas prateleiras que estão cheias de vacinas, considerando que essa é uma campanha mais fácil de ter adesão, já que cada um, pode fazer dentro da sua atividade empresarial.
A guerra contra o vírus é uma realidade e não pode ser enfrentada de qualquer maneira. Precisamos unir as nossas forças e acreditarmos que podemos fazer a nossa parte. Certo de que é o que todos almejam e necessitam, vamos multiplicar essa ação, para salvar vidas e a nossa economia, junto às demais ações dos governos e da sociedade.
Eu sou a favor da vida e da economia! E você?
EVALDO SILVA é presidente do Corecon-MT.
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