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O Pior Cego Ignora os Erros
A transparência é tão importante que, a ausência dela, provoca desgastes gigantescos a administração pública. Situação que pode levar quaisquer governos ao descrédito. Ainda não se chegou a isso. Mas a estampa que se visualiza apresenta o dito perigo. Tanto que, sequer, a maquiagem utilizada já não consegue mais escondê-lo. Nem mesmo disfarçá-lo. Pois são nítidos os traços de seu desenho. Desenho que tende a aumentar, caso persista a falta de alguém capaz de servir de ponte entre o governo estadual e a sociedade mato-grossense.
Essa fotografia descarta a tese de que a atual gestão é puramente política, e, por conta disso, pudesse estar dissociada ou se distinguir da anterior. Diferente, sim. Mas por razões outras, e não porque no secretariado apareçam nomes oriundos do Parlamento ou, tampouco, pelo fato do governador ter sido, antes, deputado. Até porque a experiência daqueles ou a deste quase nada acrescentou à administração. Isso fica bastante claro com o inconsequente desentendimento havido recentemente, com as críticas que tomaram corpo no plenário da Assembléia Legislativa e acharam eco nos veículos de comunicação, e só não se tornou bem pior pela ausência de oposição. Embora existisse todo um cenário favorável, uma vez que cinco segmentos do funcionalismo público se encontravam em greve.
Quadro que denuncia a inexistência de diálogo. Inexistência que fragiliza o chefe do poder Executivo regional, o qual se torna refém de sua própria incapacidade de reagir. Este, então, recolhe em si mesmo; enquanto três ou quatro de seus auxiliares diretos parecem voar sozinhos, dando a impressão de “descentralização” da administração, quando também são vistos como vários governos – dentro de um só. Agem, aliás, separadamente e de forma desembaraçada, sem que haja qualquer conexão entre eles, os quais – individualmente – se destacam por suas realizações. O que deixa de fora a figura do governador, como se este nada tivesse com isso.
É nesse instante que surge a ciumeira. Processo onde sobressai a vaidade. Esta, de acordo com o dicionário da língua portuguesa, é a “presunção malfundada do próprio mérito”. Mérito que, na verdade, passa a ser identificado com a visibilidade do cargo ocupado – como se a ocupação fosse garantida pela competência pessoal, e não por indicação partidária ou de compadrio.
Estabelece, assim, o clientelismo. Situação que pode beneficiar um ou outro da cúpula da administração. Não por seus apetrechos pessoais. Mas pela proximidade com quem foi eleito, ou quem o patrocinou a eleição. Tem-se, uma vez mais, o comprometimento da gestão. Pois os demais – igualmente apadrinhados – querem também ser valorizados, e não sendo como acham que deveriam ser, surgem as desavenças. Desavenças que, na verdade, escondem a falta de comunicação interna e a transparência. Aliás, não foi outra razão que provocou a crise na Agecopa.
Crise que pegou mal para o governo. Um governo já bastante debilitado por não saber dialogar com a sociedade. Pior ainda, não conta com quem o faça. Pois a figura do articulador político inexiste em seus quadros.
A troca de siglas ou de autarquia para secretaria não esconde o problemão que se tem à frente. Tão grande que o desgaste gerado pode apagar os feitos – por maiores que sejam estes. Nota-se como é tênue a linha que separa o bom do ruim, na atual gestão. Detalhe não percebido – pelo menos é o que parece - por quem se encontra na poltrona central do Palácio Paiaguás.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Essa fotografia descarta a tese de que a atual gestão é puramente política, e, por conta disso, pudesse estar dissociada ou se distinguir da anterior. Diferente, sim. Mas por razões outras, e não porque no secretariado apareçam nomes oriundos do Parlamento ou, tampouco, pelo fato do governador ter sido, antes, deputado. Até porque a experiência daqueles ou a deste quase nada acrescentou à administração. Isso fica bastante claro com o inconsequente desentendimento havido recentemente, com as críticas que tomaram corpo no plenário da Assembléia Legislativa e acharam eco nos veículos de comunicação, e só não se tornou bem pior pela ausência de oposição. Embora existisse todo um cenário favorável, uma vez que cinco segmentos do funcionalismo público se encontravam em greve.
Quadro que denuncia a inexistência de diálogo. Inexistência que fragiliza o chefe do poder Executivo regional, o qual se torna refém de sua própria incapacidade de reagir. Este, então, recolhe em si mesmo; enquanto três ou quatro de seus auxiliares diretos parecem voar sozinhos, dando a impressão de “descentralização” da administração, quando também são vistos como vários governos – dentro de um só. Agem, aliás, separadamente e de forma desembaraçada, sem que haja qualquer conexão entre eles, os quais – individualmente – se destacam por suas realizações. O que deixa de fora a figura do governador, como se este nada tivesse com isso.
É nesse instante que surge a ciumeira. Processo onde sobressai a vaidade. Esta, de acordo com o dicionário da língua portuguesa, é a “presunção malfundada do próprio mérito”. Mérito que, na verdade, passa a ser identificado com a visibilidade do cargo ocupado – como se a ocupação fosse garantida pela competência pessoal, e não por indicação partidária ou de compadrio.
Estabelece, assim, o clientelismo. Situação que pode beneficiar um ou outro da cúpula da administração. Não por seus apetrechos pessoais. Mas pela proximidade com quem foi eleito, ou quem o patrocinou a eleição. Tem-se, uma vez mais, o comprometimento da gestão. Pois os demais – igualmente apadrinhados – querem também ser valorizados, e não sendo como acham que deveriam ser, surgem as desavenças. Desavenças que, na verdade, escondem a falta de comunicação interna e a transparência. Aliás, não foi outra razão que provocou a crise na Agecopa.
Crise que pegou mal para o governo. Um governo já bastante debilitado por não saber dialogar com a sociedade. Pior ainda, não conta com quem o faça. Pois a figura do articulador político inexiste em seus quadros.
A troca de siglas ou de autarquia para secretaria não esconde o problemão que se tem à frente. Tão grande que o desgaste gerado pode apagar os feitos – por maiores que sejam estes. Nota-se como é tênue a linha que separa o bom do ruim, na atual gestão. Detalhe não percebido – pelo menos é o que parece - por quem se encontra na poltrona central do Palácio Paiaguás.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/417/visualizar/
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