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Opinião
Terça - 23 de Novembro de 2021 às 06:34
Por: Elizeu Silva

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Com toda certeza você já viu ou ouviu alguém nominar outro alguém de Santo do pau oco.

Segundo o imaginário popular, o Santo do pau oco era nas regiões mineradoras brasileiras e durante o período colonial, em especial, nos garimpos de Minas Gerais, um símbolo do contrabando do ouro em pedra ou pó de diamantes, ou seja, as imagens devocionais eram utilizadas como esconderijo aos olhos do fisco que queria a todo custo cobrar e receber um quinto da produção estimada dos minerais extraídos, na forma de impostos.

Revoltados, mineradores e políticos daquela época, como governadores “surrupiavam” a amarga parte da coroa. A roubalheira foi geral de escravos a clérigos se abstiveram do pagamento e envolveram até o pescoço nesse tipo de contrabando. Pois é!

As esculturas em madeira eram escavadas com minucioso cuidado para que rachassem menos e ficassem mais leves, mesmo escondendo dentro delas o produto do roubo ou até das propinas. Isso se deu por volta do ano de 1760, com o declínio da mineração no Brasil Colonial. Assim, pagar o “quinto” ficou mais oneroso.

Quase duzentos anos depois, em 1939, com a explosão da Segunda Guerra Mundial e com a passagem da tão chamada Terceira Revolução Industrial, nasce o movimento pós-moderno, trazendo consigo diversas mudanças tecnológicas e sociais no mundo.

Se a pós-modernidade se predominou pelo instantâneo; da perda de fronteiras - gerando a ideia de que o mundo está cada vez menor através do avanço da tecnologia; por outro lado o individualismo, a competitividade e a ganância voraz pelo dinheiro, levou o homem/político ao extremo na supressão de valores fundamentais da convivência humana, dentre eles, os valores éticos.

Em Mato Grosso, roubo do erário público se modernizou numa rapidez inimaginável

Em Mato Grosso então, a abolição dos bons costumes, suprido pelo roubo do erário público, também se modernizou numa rapidez inimaginável. O “dindim”, a “Pedra”, o “faz-me-rir”, a grana como queira chamar, já não é mais carregada na parte interna da imagem Sacra, mas sim colocada em malas, em cuecas e até no bolso do paletó.

Modernizou-se tanto que a “rapinagem” mudou de tática e partiu para o desvio da grana destinada à Saúde – com superfaturamento de preços de remédios e equipamentos para tratamento da Covid-19, dentre outros.

Vale ressaltar, que para aqueles em situação “desconfortável” com o agir da Polícia sobre as falcatruas, essa versão em Minas Gerais, em Mato Grosso ou em outros municípios Brasil afora é tida como lenda ou história em sentido desconexo de fato ou medíocre conto banal.

Grande parte desses fraudadores, hoje em situação desacreditada perante a sociedade, tenta se defender contrapondo este texto como fatos meramente imagináveis da cabeça de um jornalista de cidade de interior, e talvez sem expressividade alguma no meio.

Entretanto, independente de lendas ou não, Santo do pau oco é uma expressão popular utilizada no Brasil para designar pessoas dissimuladas, fingidas, falsas, hipócritas, artificiais, enganadoras, mentirosas, seja no período Colonial; no Império, na República ou nos dias atuais.

Elizeu Silva é jornalista em Mato Grosso.



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