INPE vai ao interior da Antártica
Nos últimos meses o INPE voltou a surpreender por suas pesquisas audaciosas e inovadoras, apesar da instabilidade que o governo jogou a instituição, que continua sem uma política de reposição de recursos humanos e sem política salarial. Alguém precisa acordar o país e tornar a prioridade do discurso em prioridade nas ações.
Enquanto isso não vem, o INPE vai tornando sua existência essencial para a nação e pesquisa a qualidade da água nas várzeas da Amazônia. A alternância de períodos de seca e de cheia nos rios da Amazônia interfere na qualidade da água dos lagos de várzea da região, normalmente utilizada para os assentamentos humanos, a agricultura e a pecuária.
A pesquisa demonstrou que a planície de inundação do lago Grande de Curuaí possui níveis de oxigênio dissolvido e clorofila impróprios para o abastecimento humano durante o período de vazante do ciclo hidrológico, conforme as normas da Agência Nacional de Água. A água pode ser usada durante o período de alagamento desde que se adicione cloro.
O INPE também está desenvolvendo um modelo para localizar origem da fumaça a pedido do Ministério Público do Estado do Acre. O objetivo do Ministério Público é responsabilizar os causadores do fogo. Excelente iniciativa dos responsáveis da área, um exemplo para toda autoridade pública.
O INPE ainda desenvolve um módulo de pesquisas que será instalado pelo Brasil no interior da Antártica, batizado de Criosfera 1. O módulo está recebendo a instalação de sistemas de energia e equipamentos no próprio Instituto. A partir de outubro, o Criosfera 1 inicia viagem para a latitude 85°S, cerca de 500 quilômetros do Pólo Sul geográfico.
Ele é o primeiro do tipo instalado no interior antártico a funcionar 24 horas por dia, sem ninguém junto. As operações e coleta dos dados serão por satélites. Serão coletados dados meteorológicos, como velocidade dos ventos e temperatura, e realizadas medidas da composição química da atmosfera da região. Isso permitirá investigar as consequências climáticas da redução da camada de ozônio e os poluentes que chegam no ar da região.
O Criosfera 1 também, não emite poluentes, pois está dotado de painéis solares e geradores eólicos, tornando-o sustentável, sem precisar de combustível fóssil.
O INPE realiza pesquisas na Antártica há mais de 25 anos na estação brasileira de Comandante Ferraz, localizada a 62° de latitude sul, na borda do continente. Seus estudos na Antártica enfocam a dinâmica da atmosfera, a camada de ozônio, meteorologia, aquecimento global, gases do efeito estufa, a radiação ultravioleta, a relação sol-atmosfera, o transporte de poluição, oceanografia e interação oceano-atmosfera.
O leitor pode acompanhar esta e outras pesquisas do INPE diretamente no site da instituição: www.inpe.br. A instituição também está aberta a visitação.
Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)
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