CRISTHIANE BRANDÃO
Confissões de uma sobrevivente de 2021 Olhando no retrovisor, frente a tantas adversidades, posso afirmar quanto avanço
Tradicionalmente fins de ciclo remetem a balanços: ao que foi positivo, negativo, para então fazermos um saldo do ano. O que dizer de 2021? Quando acreditávamos que nos livraríamos da pandemia da Covid-19, veio uma segunda onda.
Olhando no retrovisor, frente a tantas adversidades, posso afirmar quanto avanço! Embora tenha havido muitas perdas, também tivemos muito amor expandido e conexões realizadas. No meu caso, findei uma sociedade de 18 anos e precisei vivenciar o luto dessa história.
Como sempre lidei com negócios e psicologia, não tive como me furtar de passar pelo processo nos dois paralelos: recomeçar o negócio e cuidar de mim. Nessa caminhada reencontrei clientes, parceiros e um novo propósito.
Também realizei algo importante: me reconectei com a família, reconhecendo o valor do meu marido, que sempre foi um “super parceiro”, e neste último ano mais ainda. Observei a importância da minha mãe, ao me impulsionar nas conversas e sendo uma importante mentora.
Que fundamental poder contar com meu irmão e minha cunhada, que abriram a empresa familiar para me oferecer muito mais que um abrigo, eles me deram uma equipe maravilhosa que me recebeu com tanto carinho e desprendimento. E como é gratificante descobrir tanto amor disponível nesses momentos de crise.
Viver um dia de cada vez, focado apenas no “hoje”, já que horizontes maiores não estavam ainda tão claros. Tenho que agradecer ainda duas parceiras diretas da nova empresa que aguentaram firmes os altos e baixos, mês a mês, que incluíram perdas indiretas de clientes, parentes, parceiros e amigos, muitos deles faleceram de Covid.
Aliás, a morte nos rodeou algumas vezes. Mas, ao mesmo tempo, tivemos um ano bastante colaborativo, inclusive, segundo Edu Lyra (Gerando Falcões), a pandemia veio para revelar o espírito do século 21: o século da colaboração. Aprendi ao vivo que mesmo no fundo do poço, podemos ajudar e nos apoiar mutuamente para prosseguir.
Do aspecto estrutural da empresa, recomeçamos desde o registro da marca, do domínio, passando pela criação do site, das mídias sociais e fundamentalmente pelo que desejamos entregar aos clientes. Eu fiz o voo da fênix, me reinventei praticamente do zero, como muitos outros empreendedores brasileiros fizeram.
Do ponto de vista da gestão de um negócio, encarei a tal transformação digital e posso dizer que minha empresa tem hoje 100% do processo contábil, administrativo e financeiro digital. Foram reuniões com parceiros, colaboradores, fornecedores e tudo andou bem. Isso me deixa mais feliz, porque estamos economizando em árvores, ou seja, aderindo “a pegada de carbono”, e no precioso tempo das pessoas.
O “lifelong learning” nos guiou e aprofundamos em questões relevantes e essenciais, como pensamento exponencial, acordos, estratégia, vieses, diversidade, psicologia do envelhecimento, formação de bons acionistas, governança corporativa e familiar, Agenda 2030 e liderança do futuro.
Aliás o “vício” do ano foi fazer cursos. Fiz tantos, compartilhamos em equipe, e isso ampliou nossa visão, o que ajudou a chegar até aqui, pavimentando a estrada que continuará a partir do próximo ano.
Esse foi o ano que mais me senti conectada com o todo, com a existência e as questões sustentáveis da vida. Vale ressaltar um aspecto interessante e atrativo: a carteira de clientes e os projetos refletiram isso, pois escolhi o que quis fazer e o que bate com o que acredito e com o momento.
Apoiamos famílias empresárias, casais empresários, associações e empresas não familiares para que perpetuassem seus negócios, com os melhores acordos, parâmetros, as melhores estratégias e os melhores profissionais.
Como pessoa de perfil relacional, segundo uma nova ferramenta que experimentei, fiz inúmeras e importantes conexões esse ano. A melhor delas: me reconectar comigo! Isso refletiu em questões de cargos, tribos, geografia, novos amigos, novos projetos e centelhas divinas em forma de pessoas.
Quando me dei por mim, percebi que estava querendo deixar o meu legado e agindo em prol de um futuro melhor. Defini quais causas quero atuar e sem dúvida uma delas é o etarismo (preconceito pela idade), quase que uma causa própria, e a potencialização do papel da mulher, aliás, com quantas mulheres maravilhosas me conectei!
Apesar de todas as adversidades, o balanço deste ano é positivo, vivemos muita coisa, no coletivo e individual: superação, reconstrução, esperança e responsabilidade. No meu caso, com muita gratidão no coração. Que 2022 venha com os desafios que vierem, estou pronta para seguir! Nós estamos!
Cristhiane Brandão é conselheira de Administração em formação, consultora em Governança & Especialista em Empresas Familiares.
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