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Opinião
Quarta - 23 de Fevereiro de 2022 às 04:49
Por: Mardem Machado

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A incontinência fecal é uma condição que pode gerar sérios impactos na qualidade de vida e na autoestima dos pacientes. Atualmente, uma das principais inovações nesse sentido é o implante neuroestimulador sacral e o método já está sendo realizado em Mato Grosso com sucesso.

O procedimento é realizado em centro cirúrgico, com anestesia local e leve sedação. Trata-se de uma cirurgia minimamente invasiva, em que uma pequena incisão é feita na nádega superior, por onde o médico insere o neuroestimulador sob a pele. Esse dispositivo é semelhante a um marca-passo.

Também é feita uma pequena incisão na parte inferior das costas, por onde um eletrodo de longa permanência é inserido.

Os pacientes podem passar por uma fase de avaliação, em que um fio temporário é inserido perto dos nervos sacrais, conectado a um pequeno dispositivo externo que vai enviar os estímulos elétricos.

Depois de duas semanas em teste, médico e paciente se reúnem para avaliar a eficácia do dispositivo e determinar se o implante permanente será utilizado.

Nosso cérebro controla os músculos do corpo por meio de mensagens enviadas principalmente pela medula espinhal, que começa no fim da cabeça e termina na região pélvica. É justamente nesse local que estão localizados os nervos responsáveis pelos músculos da região, incluindo o esfíncter.

A vontade de evacuar ou sensação de reto cheio é um dos estímulos que vão do esfíncter para o cérebro e a neuroestimulação sacral vai buscar corrigir um envio equivocado de mensagens que pode estar levando à liberação involuntária de fezes e gases.

São os leves estímulos elétricos emitidos pelo implante que irão permitir a recuperação da sensibilidade e função do esfíncter anal.

Originalmente, a neuroestimulação sacral foi utilizada para tratamento de incontinência urinária e passou por adaptações para tratar, também, a incontinência fecal. Esse método costuma ser utilizado quando outros tratamentos já foram testados e não surtiram efeito.

Outra vantagem é a redução ou eliminação dos sintomas de incontinência fecal como principal mudança na vida do indivíduo que se submete a esse tratamento. Na prática, isso significa não precisar usar fraldas ou se preocupar em estar sempre perto de um banheiro.

Estatísticas apontam que um a cada 12 indivíduos apresenta incontinência fecal, o que corresponde a 18% da população em geral. Entretanto, o problema é subestimado, uma vez que os próprios pacientes evitam procurar ajuda médica para tratar a condição, apesar disso causar grande impacto no dia a dia e afetar a qualidade de vida.

Dr. Mardem Machado é coloproctologista e coordenador da Residência Médica de Coloproctologia do HUJM.



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