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Opinião
Domingo - 27 de Fevereiro de 2022 às 06:11
Por: Renato de Paiva Pereira

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Nos últimos seis meses, a não ser por um pequeno soluço lá em outubro, quase nada mudou nas preferências dos eleitores, para a eleições deste ano.

Naquele mês houve uma pequena sinalização positiva, indicando a chance do chamado candidato da terceira via, abrir uma fenda na polarização Bolsonaro/Lula. Foi quando, em uma pesquisa de opinião pública, não confirmada por outras, o Moro chegou a ter uma preferência de 13% dos eleitores. Mas a expectativa durou pouco e nas sondagens seguintes seus eleitores minguaram. Hoje, não passam de 8%, ou até menos que isso, dependendo da pesquisa e do momento dela.

Há uma tese de analistas políticos que a única chance, ainda que remota, de algum candidato fora da polarização conseguir sucesso, estaria na união dos cinco ou seis pré-candidatos mais promissores, em torno de um só nome.

Em entrevistas e discursos Moro, Dória, Ciro, Simone e Eduardo Leite –os que apresentam melhores chances- mostram-se favoráveis a essa ideia, mas só no discurso, pois nenhum, pelo menos por enquanto, abre mão da candidatura própria em favor de qualquer outro. Ou seja, cada um acha que a única oportunidade é a união, desde que, claro, seja o escolhido.

Não vejo esta dicotomia como separação entre pobres e ricos – ou entre cultos e ignorantes – mas como adolescentes apaixonados pelo Lula ou fanáticos pelo Bolsonaro

Enquanto os prováveis candidatos não decidem se unirem para lavrar a terra, as lavouras de Lula e Bolsonaro já estão plantadas, adubadas, defendidas e em pleno desenvolvimento.

Assim, mesmo que alguma improvável união se estabeleça mais à frente, a “janela de plantio” -para usar um termo próprio da agricultura- já terá passado e a semente não terá mais condições para germinar e crescer.

Segundo dados que extraio da grande mídia nacional, dos prováveis futuros concorrentes, o Moro e o Ciro, dificilmente toparão qualquer aliança a não ser aquela em torno do próprio nome. São dois candidatos personalistas que não se sujeitariam ao papel de coadjuvantes.

Daí que resta-nos conformarmos com a situação e com a divisão do País em dois grupos agressivos e antagônicos, que trouxeram para o nível pessoal as preferências que têm por Lula ou Bolsonaro, sobrepondo-as a relações familiares e de amizade pré-existentes. Parentes e amigos de 30 anos passam a ser menos importantes que o “mito” ou o ex-presidente petista.

Não vejo esta dicotomia como separação entre pobres e ricos – ou entre cultos e ignorantes – mas como adolescentes apaixonados pelo Lula ou fanáticos pelo Bolsonaro. O ex-presidente atrai tanto operários ou trabalhadores de menor renda, como funcionários públicos de alto escalão, intelectuais e artistas. Da mesma forma o Presidente Bolsonaro entusiasma os “rednecks” brasileiros como também os sofisticados produtores de commodities, que faturam em dólar, andam de jatinhos próprios e nunca expõem seus brancos pescoços à dureza do sol do centro-oeste.

Em comum os dois grupos têm a intransigência. Entretanto, este defeito e seus donos não precisam ser suportados pelos mais tolerantes. Ninguém tem a obrigação de aguentar os fanáticos em nome da boa convivência. Afinal esta história de “odiar o pecado e amar o pecador”, nem o Criador consegue lidar bem com isso. Tanto que mandará ambos (o pecado e seu portador) para o inferno, no juízo final, como acreditam os mais fiéis seguidores da Bíblia Sagrada.

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor.



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