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Opinião
Quarta - 02 de Março de 2022 às 06:52
Por: Dra Giovana Fortunato

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No mês mundial de conscientização sobre a endometriose, a campanha Março Amarelo alerta para uma doença que afeta 176 milhões de mulheres em todo o mundo e aproximadamente 7 milhões no Brasil, ou seja, 1 em cada 10. A endometriose é um problema muito frequente entre as mulheres em período fértil e gera dores, desconforto e infertilidade.

Trata-se de uma doença inflamatória que ataca o tecido do útero, ovários, bexiga, intestino, reto, nervos e peritônio. Localizado na parte externa do útero e responsável pela menstruação, o endométrio também pode se expandir em outras partes do corpo, como o diafragma, pleura e pulmões.

A doença ocorre quando as células endometriais crescem fora do útero. Porém, as causas da endometriose ainda não estão totalmente esclarecidas. Acredita-se que a menstruação retrógrada, o crescimento de células embrionárias, sistema imunológico deficiente e alguns tipos de cirurgia podem ajudar no desenvolvimento da doença.

No entanto, as chances de uma mulher ser diagnosticada com endometriose é maior quando já existem casos na família. Além dessa tendência genética, há outros fatores de risco associados às mudanças de vida da mulher, como começar a menstruar muito cedo, nunca ter tido filhos, ciclos menstruais frequentes, períodos de menstruação que duram muito tempo, problemas com hímen imperturbado e anormalidades no útero.

A endometriose pode ser classificada em três estágios, que são leve, moderada e grave, e possui 5 tipos: peritônio, ovariana, profunda, parede abdominal e pulmonar.

Um dos principais sintomas são as cólicas menstruais intensas e dor durante a relação sexual, mas também é possível ter dores pélvicas crônicas, sangramento intenso na menstruação, presença de nódulos ou cistos no útero, constipação, dores para urinar ou

A partir da análise do quadro clínico da paciente, o ginecologista faz o diagnóstico. Em conjunto, é feito o exame físico de toque vaginal e também costuma ser necessária a ultrassonografia transvaginal ou ressonância magnética.

Tratamento da endometriose

A terapia medicamentosa costuma ser a indicada para o tratamento da endometriose, o que se dá a partir do uso de analgésicos e anti-inflamatórios para diminuir as dores constantes. Além disso, podem ser sugeridos métodos hormonais, como o uso de anticoncepcional ou a colocação do DIU.

Quando os remédios não são efetivos ou em casos mais graves da doença, pode ser necessária a intervenção cirúrgica. O procedimento pode ser feito de forma minimamente invasiva, a partir de técnicas de vídeo, laparoscopia ou cirurgia robótica.

Ainda vale ressaltar que o tratamento da endometriose é comumente feito por uma equipe multidisciplinar, contando com o auxílio de profissionais como psicólogos. Isso, considerando que se trata de uma doença que afeta diretamente a qualidade de vida da paciente, podendo até mesmo favorecer o desenvolvimento de transtornos psicológicos em virtude dos altos níveis de estresse e situações constantes de desconforto.

Endometriose e infertilidade

É verdade que as mulheres com essa doença têm mais dificuldade de engravidar, mas não significa que são inférteis. Depois de diagnosticadas com a doença, é importante que sigam as orientações médicas, para que a gravidez seja bem-sucedida.

Se a mulher tem o desejo de ter filhos, ela não deve adiar essa decisão e precisa começar a fazer o tratamento o quanto antes, porque a instalação da doença nos ovários pode provocar o aparecimento de um cisto chamado de endometrioma, podendo atingir grandes proporções e comprometer o seu futuro reprodutivo.

Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, referência em endometriose e coordenadora da residência médica do Hospital Universitário Júlio Muller



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