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Opinião
Sexta - 04 de Março de 2022 às 13:43
Por: Mardem Machado

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O Brasil, conforme projeção do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do deve ter 41 mil novos casos de câncer colorretal diagnosticados em 2022. Trata-se de um tumor com maior incidência em todo o mundo e no nosso país, lamentavelmente, é o segundo tumor que mais acomete mulheres (atrás apenas do câncer de mama) e o terceiro mais frequente em homens.

Este quadro justifica o Março Azul, campanha da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed) e Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBPC), que alerta a população para a importância da prevenção e para a gravidade da doença caso diagnosticada tardiamente, lembrando que dia 27 de março é o Dia Nacional de Combate ao Câncer de Intestino.

Esses tumores se originam de pólipos, que são pequenas lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso, desde o cólon (a maior parte do órgão) até o reto (a parte final, antes do ânus).

O câncer colorretal pode se manifestar de forma silenciosa, porque os sintomas dificilmente são detectados pela própria pessoa. Por vezes, até o médico tem dificuldade de diagnosticar só pela descrição do paciente, já que os eventuais sintomas relatados podem ser relacionados a outras doenças. Justamente por isso, março foi eleito o mês de conscientização: da população, para fazer consultas regulares, e da comunidade médica, para incluir o câncer colorretal na investigação precoce, mesmo sem tantas evidências que indiquem a isso.

O câncer colorretal tem cura, se for descoberto cedo. No entanto, é o tipo de doença em que dificilmente isso acontece. Isso porque ele faz parte de um assunto tabu e, portanto, muitos pacientes só procuram ajuda médica quando a doença já está em estágio avançado. Importante frisar que durante a pandemia houve um aumento no número de casos.

Além disso, os próprios sintomas também atrapalham, já que costumam ser, inicialmente, relacionados a quaisquer outras doenças. Os mais comuns são: diarreia ou constipação; cólica, dor abdominal ou sensação de inchaço; presença de sangue nas fezes; perda de peso repentina; anemia; náuseas e vômitos.

O diagnóstico costuma ser feito com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos. Em geral, o câncer colorretal é detectado por meio de sangue escondido nas fezes, ou, então, de exames de endoscopia. No mais comum deles, a colonoscopia, um pequeno tubo flexível, com uma câmera na ponta, é introduzido no organismo, permitindo que o médico visualize toda a parte interna do intestino grosso. A colonoscopia é considerada, hoje, o melhor exame para diagnóstico do câncer colorretal.

Se o tumor for identificado, o tratamento pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A cirurgia é o principal tratamento para o câncer em estágio inicial, já que retira a parte afetada do intestino e os nódulos linfáticos próximos à região. Em seguida, a radioterapia, associada ou não à quimioterapia, é utilizada para diminuir a possibilidade de volta do tumor.

O tratamento, no entanto, vai depender do tamanho, da localização e da extensão do tumor. Se a doença já tiver se espalhado, as chances de cura diminuem consideravelmente.

Câncer colorretal, a doença do estilo de vida

O câncer colorretal é considerado uma doença do estilo de vida. Isso porque os fatores de risco que determinam o surgimento e o crescimento do tumor dependem quase que exclusivamente dos próprios pacientes.

Uma vida marcada por sedentarismo, fumo, ingestão de bebidas alcoólicas e o consumo excessivo de carnes vermelhas e alimentos processados, como defumados e embutidos, por exemplo, são suficientes para aumentar as chances da pessoa desenvolver o câncer.

O contrário, no entanto, já produz efeito positivo. E atenção: tem mais de 50 anos e o histórico familiar de câncer precisa realizar exames de rotina com mais frequência. Portanto, se você faz parte desse grupo ou, então, se percebe algo errado em seu organismo, não hesite em procurar um médico. Se o câncer colorretal tem boas chances de cura, previna-se antes que seja tarde.

Dr. Mardem Machado é coloproctologista e Coordenador da residência médica de Coloproctologia do HUJM



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