As guerras e as mudanças
Fiquei satisfeito quando abri o jornal hoje e me deparei com a notícia de que já se começaram a se mexer para dar andamento na maior mina de potássio da América Latina (Projeto Autáse), situada no centro oeste do Estado do Amazonas, num esforço para reduzir a dependência brasileira nas importações de 96,5% de potássio da Rússia e da Ucrânia, correspondente a dez milhões de toneladas anuais, ostentando o título de maior importador mundial. O potássio é o principal fertilizante utilizado para aumentar a produtividade do cultivo de produtos agrícolas. E se produzido aqui seria mais barato e acessível. Este País é curioso. Se temos o mineral aqui, por que o importamos? Até quando vamos continuar andando a reboque atrás do próprio rabo!
As guerras desempenham um papel importante na história da humanidade. Com elas o mundo ganha impulso na sua evolução e desenvolvimento. Além da destruição, do caos instaurado e da dor provocadas pelas guerras – que ninguém deseja - alguns destaques podem ser ressaltados, como: o avanço da medicina (penicilina), o absorvente feminino, o jipe, o fusca, panela de teflon e os grandes avanços tecnológicos das comunicações, na aviação, na marinha e outros tantos no cotidiano das pessoas.
Não tem este artigo a intenção de glorificar as guerras, mas de ressaltar este fato, já que estamos assistindo a invasão de um país livre por outro que se acha dono do mundo. O que parecia fácil tem demonstrado que não é tão fácil, ante a resposta dos habitantes do País invadido e a reação da comunidade internacional.
Não sabemos o desfecho desta invasão, mas um dia ela vai acabar, para que possamos avaliar o seu desfecho. O certo é que muita coisa vai mudar, neste mundo interdependente em que vivemos. Deve-se encontrar outras alternativas para se livrar da dependência dos produtos naturais, como gás, petróleo, insumos da agricultura e outros produtos fornecidos pela Rússia. É preciso demonstrar e provar que o Ocidente – com seu parque industrial/tecnológico e a sua ciência avançada - sempre andou e continuará andando como as próprias pernas e que descobrirá novos fornecedores e novas fontes de energia e de insumos agrícolas.É necessário acabar com a prática chantagista e nefasta do invasor que tem a maior área territorial do mundo conquistada, através de anexações belicosas de territórios vizinhos. Se esta prática pega o mundo inteiro correrá riscos de virar um novo Gulag.
O mundo dificilmente iria sair da inércia e enfrentar os novos desafios que são impostos pelas adversas contingências dessa invasão despropositada. Portanto, foi preciso que houvesse este desafio para que todos se mexessem para encontrar novas soluções rumo ao futuro.
Além de medidas de outra natureza que estão sendo tomadas contra a Rússia, outras providências estão sendo viabilizadas, no mundo inteiro, para se livrar da dependência dos produtos naturais importados do invasor, para fazer face a sua insolência em não respeitar os direitos de outra nação soberana. Portanto, ou se põe o pé no seu peito, ou a invasão poderá ter outros desdobramentos, pois o invasor promete invadir outros países da região.
Que este incidente sirva de impulso para que o Ocidente dê um novo salto rumo a um promissor futuro. Não se pode deixar de dar razão a Schopenhauer que disse que somente a dor é positiva e, neste caso, ela ajudará a preservar os valores mais caros da humanidade, livrando o mundo de mergulhar nas trevas.
Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br Site – renatogomesnery.com.br
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