RENATA VIANA
Rússia, Ucrânia e o nosso Pix Quando uma guerra acontece, a primeira vítima é a verdade
No atual conflito, quando a Rússia usa uma das maiores máquinas de guerra do planeta para atacar uma nação, cuja capacidade defensiva é infinitamente menor, para atacá-la, ocupar o território, mudar governos e colocar seus cidadãos humilhados, a verdade se perdeu ao longo dos fatos.
Em um mundo conectado nos aspectos econômicos e negociais, onde as empresas multinacionais se fazem presentes nos quatro cantos do globo. Uma guerra como a que está em curso, afeta de modo indireto a todos nós. E quando analisamos os aspectos financeiros, os reflexos já se fazem presentes nas previsões de impactos na inflação brasileira de forma imediata.
No atual conflito, os anúncios de sanções econômicas contra a Rússia, são amplamente aguardadas, e como se por um instante pessoas comuns em volta do mundo todo, vivessem um momento de alívio por saber que o país que deflagrou essa injusta guerra ira colher consequências, como se noticia nas manchetes internacionais com as tais “duras sanções.
Porém, o que não nos contam, é que as tais sanções econômicas afetarão na verdade o bolso dos mais frágeis que já se encontram em dificuldade em decorrência de uma guerra, que chega sem pedir licença e devasta com toda força a vida e o futuro de crianças e jovens.
O correr dos dias traz sempre novas medidas. Surge sempre o anúncio de sanções econômicas tomadas pelo ocidente contra a Rússia de Putin que são tão amplas quando inócuas no objetivo de acabar com o conflito.
Das “punições” impostas por exemplo, só nesta semana, os Estados Unidos suspenderam a compra do petróleo russo. O gás russo continua sendo fornecido a Alemanha e a um bom tanto de países europeus. A China, por exemplo, aumentou a compra do trigo produzido pela Rússia.
As sanções econômicas impostas representam na verdade apenas sofrimento ao povo russo e não seus líderes, assim como a morte de civis na Ucrânia, pouco representa para o Governo de Kiev. Seus líderes estão protegidos. Putin está protegido. Zelensky está protegido. Quem morre na Ucrânia são cidadãos. Quem sofre na Rússia são os cidadãos, que tem seus dinheiros retidos nos Bancos que vão sofrer com a inflação, com o desabastecimento e com o racionamento. Na mesa de Putin não vai faltar o caviar.
A inflação no Brasil deve ter impacto na curva de previsão do IPCA (índice de preços ao consumidor Amplo), que mensura o índice de inflação com uma elevação de 5,81% para 6% nos próximos dias, segundo a edição do Boletim Focus divulgado no dia 07 de março pelo Banco Central. O preço do barril de petróleo disparou. O preço do trigo segue de trem-bala rumo às alturas.
Como o Brasil importa insumos necessários para produção agrícola da Rússia, e estas operações comerciais vem sofrendo pressão política internacional para que o país encontre outros fornecedores. Fato este que pode afetar na subida dos índices de inflação para além do que foi previsto para 2022, uma vez que novos fornecedores implicariam em preços mais elevados o que impactaria no custo da produção e consequente reajuste nos preços ao consumidor final.
No mesmo sentido o aumento de custo com a produção primária de commodities, afeta diretamente o preço da proteína animal, já que a base da alimentação de aves, suínos e bovinos vem das rações à base de milho e soja.
Fato importante a ser considerado para as projeções econômicas é o fator tempo, já que, até o momento não se sabe quantas semanas esse conflito pode durar e mesmo diante das medidas anunciadas contra a Rússia, na tentativa de enfraquecê-la e desestabilizar o País Russo, até o presente momento não apresenta sinais de desmotivação para seguir no conflito.
A lição que se apresenta nesta página da história que está sendo escrita diariamente, é que em um mundo totalmente globalizado e conectado, para adeptos e não adeptos ao PIX. Pouco importa a posição geográfica da guerra, se está neste, ou em outro continente, ela está sempre nos afetando e fazendo com que todos colham os amargos frutos deixados por ela.
RENATA VIANA é advogada tributarista e consultora política.
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