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Opinião
Domingo - 11 de Setembro de 2011 às 22:21
Por: Lourembergue Alves

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Crises são, quase sempre, resultados de desentendimentos, e estes, na maioria das vezes, frutos do despreparo e da ausência de habilidade de negociar e de dialogar. Ausência que nega a existência da política, e a inexistência desta denúncia a falta de um espaço apropriado, o qual desaparece pela incompetência dos atores. É nesse sentido que deve ser discutido o problemão identificado no coração da Agecopa.
 
Problema que se agrava com a Portaria número 60/2011. Pois, a partir de então, incumbência que parecia pertencer à diretoria da Infraestrutura, foi deslocada para a responsabilidade do diretor-presidente. Prerrogativa garantida legalmente. O momento, em que se baixou a tal portaria, foi inapropriado. Ate porque revelou retaliação, bem como uma demonstração de maior força, em contrapartida com a revelação da incapacidade de formatação de uma argumentação convincente.  Isso pegou mal. A ponto de se dar razão para quem teve o poder diminuído, uma vez que suas observações, sequer, foram consideradas. 
 
O desconsiderar, aqui, fez realçar a parte supérflua do discurso. Daí todo o noticiário em torno do substituto e de uma lista de deputados favorável a saída do diretor-descontente. Ficou de fora o que, de fato, deveria interessar a todos, a saber: (1) a falta de diálogo entre os diretores e o presidente-diretor, (2) a ausência de transparência no que vem sendo feito, sobretudo porque existem informações estratégicas, de competência unicamente do presidente e (3) o ser remunerado por algo que não está a fazer. 
 
Frases que aparecem, claramente, no depoimento do diretor de Infraestrutura. Não com as mesmas palavras. Os termos utilizados foram outros, sem que o sentido tenha mudado. Preterido por quem se encontrava por perto. Estratégia de desqualificação. Processo que se ampliou com os noticiários – cuidadosamente selecionados - a respeito da crise que se aflorou na audiência pública realizada pelo Parlamento regional (02/09). Notícias que se restringiram a exoneração e o esvaziamento da diretoria.
 Repercussão que em nada amenizou a situação. Talvez, hoje, quando da publicação deste texto, o clima já seja bem diferente. Porém, não a ponto de escamotear um quadro vivido.

Tão grave que obrigou o governador a antecipar seu retorno para a Capital. Ele que se encontrava no Pará, no seu “estradeiro da integração”. Sua presença, pelo menos, estabeleceu um silêncio. Silêncio quebrado, vez ou outra, por uma lista de 19 parlamentares que defende a exoneração do diretor da Infraestrutura. 
 
De todo modo, o mal-estar na Agecopa compromete o governo peemedebista, pois o deixa em maus lençóis. Sobretudo se somado ao triste quadro da insegurança pública, do pipocar das greves de servidores e, enfim, da queda-de-braço entre a Assembléia Legislativa e o governador, cujo cerne norteador é o descontentamento de deputados com alguns secretários. 
 
Isso, obviamente, deixa a população intranquila. Afinal, o funcionário número 1 do Estado se mostra incapaz de manter o diálogo com o Legislativo, assim como também entre seus auxiliares diretos, pois estes batem cabeças e trazem publicamente algo que deveria ficar, unicamente, intramuros.       

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


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