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Opinião
Terça - 22 de Março de 2022 às 06:56
Por: José Pedro Rodrigues Gonçalves

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Nenhuma nação deste Planeta conseguirá evoluir enquanto sua política de governo esteja baseada na disseminação do ódio, na criação gratuita de conflitos e confrontos pelo simples fato alguém de discordar do pensamento oficial. O governante que assim age explicita uma desconformidade com a democracia, mais do que isso, é assume uma posição de tentar homogeneizar o pensamento popular de modo a refletir o que imagina o governante.


Estes elementos, atributo do pensamento oficial no Brasil, demonstram que o sonho da democracia está sendo transformada em pesadelo. Basta acompanhar as declarações do mandatário e de seus sectários, que o dicionário explica que são partidários fanáticos e extremados de uma seita religiosa, pois é assim mesmo que os seguidores do governante se comportam em suas ações antidemocráticas.


Qualquer discurso, fala, uma frase que seja, que difere do delírio presidencial, se transforma em motivo mais do que suficiente para atos de violência, verbal, por meio das redes sociais, nas esquinas e até mesmo em atitudes violentas que atingem os tais “inimigos” do sumo sacerdote dessa seita política em que se transformou o mandatário.

Nunca conseguiu entender o que é povo, o que seja cultura, o que significa o sentimento de pertencimento a um lugar, a uma comunidade, a uma terra-mãe


O ódio está presente em cada atitude do governo como um todo. A tentativa de desmoralizar o INPE, no caso das queimadas e desmatamento; os ataques contra a ciência no caso da pandemia, ataques que se acentuaram com a chegada das vacinas; as mentiras sobre as urnas eletrônicas, que nem são conectadas na internet, seria como tentar raquear as máquinas de escrever de antigamente; o fato de tentar impedir a vacinação de crianças (alguém conhece um ódio maior?); o fato de, o antes respeitado, ministério da saúde, protelar ao máximo o início da vacinação das crianças; as notas técnicas mentirosas desse ministério e daquele dito ministério dos direitos humanos disseminando terror entre as famílias; a defesa dos marginais do garimpo em terras indígenas, agora transformado em projeto de lei de regularização de garimpo em áreas dos povos originários. E por aí vai!


Há que se perguntar, todos esses fatos demonstram um governo que defende o povo brasileiro, ou apenas o sonho bokassiano, como daquele ditador da República Centro-Africana, Jean-Bédel Bokassa que se autodeclarou imperador Bokassa I?


Os interesses do Brasil, manifestado pelo seu povo, nunca frequentou esses lugares oníricos das elocubrações doentias de um suserano que se acha dono do poder e proprietário de uma única e exclusiva verdade. Uma verdade que não se sustenta ao simples olhar, como o caso da insistente “necessidade” de dotar o agronegócio dos insumos para tirar o Brasil da bancarrota urdida em sua cabeça. Mais do que provas, existem inúmeras pesquisas demonstrando e provando que as maiores reservas de potássio estão fora das áreas desejadas por ele, incluindo minas em operação que precisam de apoio para garantir o volume necessário.


Essa logorreia presidencial nada mais é do que uma tentativa de álibi para alcançar o seu desejo tão sonhado, invadir as reserva indígenas para poder perpetrar o seu desiderato maior, destruir os povos originários, acreditando que os indígenas querem se transformar em “homens brancos”, certamente de terno e gravata como funcionários subalternos nos escritórios de um miliciano qualquer.


Nunca conseguiu entender o que é povo, o que seja cultura, o que significa o sentimento de pertencimento a um lugar, a uma comunidade, a uma terra-mãe. Para ele, que vive em um não-lugar, aquele espaço onde não se faz história, como rodoviárias, esquinas, aeroportos, motociatas, etc. essas coisas são enigmas indecifráveis, posto que seus neurônios só se acostumaram a receber ordens e, agora, por vingança pessoal contra os seus superiores de outrora, dá ordens a torto e a direita, numa tentativa de um desejo atávico de os humilhar.


Este é o País cujo governo dissemina o ódio, a mentira, o conflito e confronto. Organizou em sua seita, uma comunidade de acólitos que seguem cegamente suas ordens e seus delírios a confrontar as verdades da justiça e das leis, com narrativas rocambolescas e muitas vezes impublicáveis, dado o nível subterrâneo de seus subalternos, verdadeiros bonecos de ventríloquo a balançar a cabeça de papel machê.


Neste ano em que deve acontecer as eleições, estão vendendo a própria indignidade, já que dignidade nunca tiveram, para garantir uma reeleição, a mais putrefata das criações deste País de iníquos no poder. A maior virtude da democracia é a alternância do poder. Aquela esfarrapada desculpa de que em quatro anos não se consegue fazer muita coisa, é demonstração inequívoca do despreparo moral e intelectual de nossos desgovernantes. Não cabe ao governante governar para toda a vida, mas preparar uma nação a partir de um projeto de nação real, e se é um projeto de nação, não há por que sofrer mudanças a cada inquilino. Esses inquilinos eventuais têm o dever (obrigação) de dar continuidade ao desenvolvimento nacional. É isso que se espera de um estadista, aquele que garante ações para o bem do Estado Nacional, nunca para si e sua alcateia, como tem acontecido.


Penso que o único grande estadista que tivemos foi Pedro II. De lá para cá, a politicagem assumiu o comando da ação política e o Brasil desenvolveu o mínimo do que deveria desenvolver. O que se ouve nos discursos dessas ditas autoridades é trabalhar para o crescimento do Brasil. Crescimento é a ampliação da economia em um mesmo patamar civilizatório, mantendo-se no mesmo nível de desenvolvimento, enquanto desenvolver significa mudança de nível para melhor, adquirir condições de possibilidades para ampliação da qualidade de vida de todas as pessoas. Isto só acontece em regimes realmente democráticos, não em pseudodemocracias como a nossa, onde o Congresso Nacional cria mecanismos “legais”, mas profundamente imorais para sugar ainda mais o sangue dos brasileiros – vide emendas do relator e outras espertezas legislativas.


Que País é esse que tem um Procurador Geral da República que se comporta como guarda-costas do suserano em detrimento de sua obrigação constitucional? Que tem um presidente da Câmara Federal cuja ação está mais para um capitão-do-mato, que ganhava prêmios pela captura de escravos fugitivos? Um ministro da justiça que entra com ação no STF para garantir as atividades comprovadamente criminosas de um aplicativo de mensagens?
Este é o país que pratica a política do ódio. O povo brasileiro deseja paz, mas os atuais governantes desconhecem esta palavra. Preferem fuzis a feijão, idolatram criminosos e humilham os pobres, pretendem destruir os povos originários e ainda são condecorados com medalhas de mérito indígena, recebida em um baile de carnaval fantasiado de cacique, embora seja mais parecido com o General Custer que afirmou: Não há índios suficientes no mundo para derrotar a sétima cavalaria. O Custer brasileiro afirmou: A cavalaria brasileira é muito incompetente. Competente, sim, é a cavalaria americana, que dizimou seus índios no passado e hoje eles não têm esse problema em seus país. Pronunciamento na Câmara Federal em abril de 1998.


O Brasil precisa reagir se deseja garantir a existência dos povos indígenas e sua cultura que tantas contribuições garantiu a todos nós.

José Pedro Rodrigues Gonçalves doutor em Ciências Humanas



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