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Opinião
Quinta - 08 de Setembro de 2011 às 17:29
Por: Mario Eugenio Saturno

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É muito importante para o Brasil ter disponibilidade de energia. Nenhum país cresce sem isso, porém deve-se observar também o uso dessa energia, melhorar a eficiência do uso "geraria" mais energia do que muitas novas usinas e a um custo mais baixo. E por que não fazem? Resolveram fazer, o governo federal de lançar um plano nacional de eficiência energética nas próximas semanas, prevendo incentivos financeiros e subsídios.

Nunca houve interesse em poupar energia devido a fartura de energia provinda das hidrelétricas. Até que planejaram mal, não ouviram os clamores dos cientistas e veio a crise do apagão de 2001. Hoje, soma-se a isso a competitividade mundial exigindos custos menores e as mudanças climáticas.

O Ministério de Minas e Energia tem como meta para 2030 economizar 106 TWh/ano, equivalente ao que gera a usina de Itaipu. Há quem estime as perdas de eletricidade em R$ 12 bilhões por ano no Brasil. Certamente uma perda que o país não pode mais suportar. Poder-se ia economizar mais de 10% investimento cerca de R$ 60 bilhões. Nada assustador! Mas o que atemoriza é o quanto o BNDES já financiou de projetos de eficiência energética, somente R$ 33 milhões. Uma vergonha do tamanho do país.

Não custa alertar que há muitos estudos em nossas universidades que poderiam ser aproveitados. Por exemplo, cientistas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná pesquisaram o uso energético nos sistemas de refrigeração dos abatedouros de aves, verificaram desperdícios e apontaram medidas de conservação. Analisaram os parâmetros elétricos e o rendimento de cada um dos motores. Verificaram que 30% deles estavam superdimensionados e proposurem a substituição por motores mais adequados, gerando economia. Como a refrigeração consome 83% da energia elétrica, a implantação das medidas de conservação no Estado geraria uma economia mensal de 161,7 MWh.

O Ministério também não deveria restringir o plano somente à eletricidade. O desperdício de diesel e gasolina é gigantesco também. Por exemplo, cientistas da Universidade Federal de Viçosa estudaram o consumo de combustível do tritrem no transporte de madeira. Analizou-se o efeito da marcha lenta, o excesso de rotação do motor para valores superiores a 2.000 rpm, pontos neutros e velocidades superiores a 80 km/h. Viram que a marcha lenta foi responsável pelo maior desperdiço de combustível. Depois vem o ponto neutro e o excesso de rotação do motor dos veículos. O ponto de rotação máxima ideal para o motor dos veículos nas condições estudadas está na faixa de 1.700 rpm. Um desperdício que pode ser eliminado com o treinamento dos motoristas.

Há muito que colocar nos automóveis produzidos no país. Os híbridos deveriam receber grandes incentivos, além de muitas outras inovações que aguardam sair do papel. Os centros de pesquisa deveriam ser incentivados a melhorar a eficiência do uso de combustíveis nos motores e na transmissão da energia gerada. E também da produção de álcool e de biodiesel. Enfim, há muito que fazer.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)



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