Para muito além do carbono Desafios para pecuária sustentável em todos os aspectos vão além
Nos últimos 30 dias, percorremos quase oito mil quilômetros Mato Grosso adentro para levar informações técnicas e institucionais às principais regiões produtoras de carne bovina do estado. Foram 19 municípios, 2.972 participantes, incontáveis histórias e muitos, muitos desafios identificados.
Ao final da 10ª edição do tradicional evento da pecuária de corte realizado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o Acrimat em Ação, quem sai carregado de informações técnicas, econômicas e sociais somos nós, que nos propusemos a disseminar conhecimento.
Apesar dos esforços da entidade para levar conhecimentos a todas as regiões produtoras do estado, o dinamismo da atividade faz com que sempre haja demanda.
Neste período foi possível ver que ainda existe uma distância muito grande entre quem propõe as mudanças e quem precisa aplicá-las. Os desafios para uma pecuária sustentável em todos os aspectos vão muito além do carbono, passam pela renda, pela estrada, pelo acesso a serviços públicos, tecnologias, conhecimento, segurança jurídica, crédito. Ou seja, a quase tudo que viabiliza a produção equilibrada.
Os desafios para uma pecuária sustentável em todos os aspectos vão muito além do carbono
O mais surpreendente, entretanto, é ver que mesmo assim a maioria dos produtores quer acessar as ferramentas que garantirão sua permanência no mercado em harmonia com o que preconiza a nova ordem socioambiental do planeta. E é justamente aí que entram entidades e instituições, públicas e privadas, para viabilizar os investimentos, sejam financeiros, técnicos ou políticos.
Durante o Acrimat em Ação, foi possível apresentar ao público o que é o Instituto Mato-Grossense da Carne, o Imac, suas atribuições e seus principais projetos para o desenvolvimento não só da carne de Mato Grosso, mas de toda a cadeia produtiva deste setor.
Como, por exemplo, o Programa de Reinserção e Monitoramento, uma iniciativa do Imac em parceria com o Ministério Público Federal e órgãos como Secretaria de Meio Ambiental para viabilizar a regularização ambiental de propriedades e a reinserção de produtores ao mercado formal. Grande parte das irregularidades que existe nas propriedades rurais não foi cometida intencionalmente e é passível de correção. Mas nem sempre o produtor tem como fazer isso, falta informação, recursos e segurança.
Outra oportunidade, ou desafio, está no suporte técnico para as atividades agropecuárias. Muitos produtores sabem que é possível melhorar os resultados dentro da porteira para atingir mais e melhores mercados porteira agora.
Porém faltam apoio profissional e tecnologia acessível. Isso sem falar dos problemas que hoje até isolam parte do estado, como a falta de infraestrutura logística que inviabiliza a comercialização dos produtos e o tráfego seguro de pessoas e animais.
E pensar que, mesmo assim, Mato Grosso é o maior produtor de carne bovina, exporta esse rico alimento para mais de 70 países e tem economia de todos os seus 141 municípios movimentada pela atividade pecuária. Em 2022, por exemplo, o Valor Bruto da Produção de bovinos no estado deve superar os R$ 26 bilhões, a maior movimentação do país, superando inclusive regiões inteiras como o VBP de bovinos do Sul.
A Acrimat tem em seu DNA a tradição de quem há meio século produz carne neste estado, viu e contribuiu com a grande evolução da pecuária mato-grossense e não parou no tempo. E por isso traz para seu corpo técnico e político as provocações de que ainda é possível melhorar, dar mais dignidade e respeito ao produtor e carne de melhor qualidade ao consumidor.
O Imac, que ainda está no princípio de sua jornada, volta dessa experiência carregado de desafios a serem superados em busca da intensificação sustentável da produção de animais na fazenda, maior uso de tecnologias e melhoria das condições logísticas/regulatórias ao produtor rural.
Bruno de Jesus Andrade é zootecnista e diretor de operações do Imac.
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