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Opinião
Sábado - 16 de Abril de 2022 às 08:19
Por: Deusdédit de Almeida

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A páscoa é mais importante festa do calendário judaico-cristão. A narrativa da Instituição da Páscoa começa com estas palavras: “Este mês será para vocês o principal, o primeiro mês do ano” (Ex 12,1.).

É por isso que esta grande e memorável celebração une os Judeus do mundo inteiro, até hoje. Nesta celebração é lembrada e atualizada a memória da libertação do povo Hebreu do jugo dos Egípcios por uma série de intervenções salvadoras, das quais, a mais forte foi a décima praga: o extermínio dos primogênitos Egípcios (Ex.11,5).

O relato bíblico se encontra em Êxodo 12,1-28, texto que é proclamado na celebração católica da Quinta-feira santa. A festa da páscoa transformou-se numa Instituição perpétua, como memória da libertação do povo de Deus, com o objetivo de reavivar a fidelidade ao Deus libertador e aos compromissos da aliança com o verdadeiro Deus. O rito consistia na celebração de um banquete no primeiro mês do ano (14 de Nisan). O cordeiro devia ser assado inteiro e partilhado em família.

Os comensais comiam-no em pé, com sandálias nos pés- acompanhado de Pão sem fermento e ervas amargas. Estes símbolos litúrgicos expressavam amargura da escravidão, a pressa para sair da opressão e prontidão para a partida.

É o desejo ardente de libertação. No Novo testamento Jesus Cristo deu um sentido novo para a festa da Páscoa. É o que chamamos de Páscoa cristã. Durante os festejos da Páscoa judaica, Jesus, livremente, entrega sua vida ao Pai pela redenção do mundo. É a Páscoa de Jesus: paixão, morte e gloriosa ressurreição. O apóstolo Paulo nos diz: “Cristo por nós se fez obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2,8)”.

Jesus, o Filho de Deus, é o cordeiro imolado para a vida do mundo. Com seu precioso sangue Ele consolidou, definitivamente, a nova e eterna aliança, reconciliando os homens com Deus e entre si. O evangelista João confirma esta verdade ao afirmar: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim (Jo 12,32)”. A Páscoa de Jesus é, portanto, o núcleo ou eixo central da fé e da liturgia cristã. É, indiscutivelmente, o acontecimento mais importante da história da salvação.

O Pai entrega o seu filho, num gesto de amor sem limite pelos homens, e o filho entrega sua vida num gesto de total obediência ao Pai. Somos, pois, chamados a morrer com Cristo e ressuscitar com ele, conforme as palavras de São Paulo “Portanto, se ressuscitastes com Cristo Buscai as coisas do alto (Col 3,1)”.

Desejamos que o Espírito de conciliação do mistério pascal, possa inspirar a concórdia, o diálogo e compreensão entre as pessoas, pressupostos indispensáveis para a construção da civilização do amor.

Precisamos viver uma vida reconciliada internamente e externamente: com a família, com os amigos, com a comunidade, com a natureza e no mundo da política. Lembramos que esta polarização ideológica crescente na sociedade e na conjuntura política, não combina com os princípios civilizatórios que todos buscam trilhar. Jesus é a referência da paz, da reconciliação e do perdão: “Pai perdoa-lhes! eles não sabem o que estão fazendo! (Lc 23,34)”.

A lição grande lição da páscoa é, portanto, o amor aos inimigos; é fazer o bem àqueles que nos fazem o mal; é pagar o mal com o bem e orar pelos que nos perseguem! Verdadeiramente, o perdão é a maior recompensa que damos a nós mesmos. Pois, alivia, reconforta e cura a nossa alma ressentida.

Que a celebração da páscoa traga frutos de renovação em nossa vida, engajando-nos na construção da cultura da paz, de um mundo fraterno, justo e solidário! Feliz, santa e renovadora Páscoa a todos!

Deusdédit de Almeida é padre da Catedral de Cuiabá.



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