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Opinião
Sábado - 23 de Abril de 2022 às 07:43
Por: Caiubi Kuhn

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Quando comecei a escrever esse texto pensei muito sobre qual o título colocar. Antes de aprofundar sobre o tema, quero explicar ao leitor do que se trata esse artigo.

Não, não será um texto sobre fretes. Mas sim sobre inquietudes e a necessidade de se ter coragem para enfrentar alguns temas que cada um de nós julga ser relevante.

O fato de se dispor ao debate exige também a necessidade de compreender e saber rebater o contraditório. No final tudo isso acaba caindo na dita democracia e na construção diária do mitológico tratado social que rege nossa sociedade.

Outro dia uma amiga me perguntou, por que me dispunha a debater um certo tema espinhoso e complicado. Esse tema, embora complexo, tem uma grande relevância para o desenvolvimento e popularização da ciência. Por isso minha resposta foi simples, acredito na nossa função social. Sim, todos nós temos uma importante função na sociedade, nós somos agentes de mudança que podem transformar a realidade ao nosso redor. Eu e você leitor, precisamos nos dispor ao bom debate, a boa crítica, a construção diária e sem egos ou medos.

O fato de se dispor ao debate exige também a necessidade de compreender e saber rebater o contraditório

Toda essa conversa se torna mais complicada ainda quando consideramos que quanto menor o poder de voz maior os problemas que estão ao redor! São os mais pobres no país que mais sofrem com a falta de acesso a saúde, a educação, ao saneamento, à política pública que podem mudar a vida de quem quase nada tem.

A primeira e maior política de transformação social é a educação, seguida pelo acesso a trabalho e renda, que garantam dignidade e boa condição de vida.

No caminho de transição entre o ensino e o trabalho, fatores diários são fundamentais, ou seja, moradia, alimentação, transporte, saúde, cultura e lazer. Caso alguns destes não sejam garantidos, a pessoa tende a abandonar os estudos para sobreviver e viver.

Mas qual o poder de voz das pessoas que vem de condições adversas?

Com certeza não é muito. A sociedade brasileira tem uma grande capacidade de passar de uma geração para o outra o poder de fala e de decisão. Basta olhar a cena política nacional, que dá para ver muito sobrenome repetido em várias gerações de parlamentares, senadores, governadores entre outros. Mas o lado mais triste de tudo isso, é que a nossa sociedade também transmite de geração para outra o silêncio ensurdecedor daqueles que estão na base da pirâmide social.

Mas e como mudar isso? Eu e você leitor, precisamos ter coragem e força para fazer o bom debate. Nos dispor a tentar fazer a transformação social diária, pensando em um mundo mais justo no amanhã.

Na minha vida acabei aprendendo isso na prática. Em muitos momentos na adolescência a única forma de tentar garantir o mínimo de dignidade e de possibilidade de desenvolvimento social, era brigar por causas como acesso à educação, a políticas sociais entre outras coisas básicas. Isso aconteceu como retrato de alguém que começou a trabalhar ainda criança e que aos 14 anos já morava só e se sustentava.

E caro leitor, se isso te assusta, quero dizer que esse é o cenário que muitos jovens passam no Brasil. Porém são poucos desta realidade que chegam às universidades ou a posições sociais de maior destaque e influência.

O poder de fala é algo fundamental para mudança social. O enfrentamento feito por aqueles que nasceram sem pedigree normalmente ainda passa por outras dificuldades, como a represália mais forte da sociedade, seja das instituições do estado ou mesmo da imprensa. Quem nasce em berço tem muitas vantagens além da herança.

Se você chegou até aqui neste texto, é porque tem em seu interior um pouco de indignação. Seja porque você, assim como eu, veio das camadas mais baixas da sociedade, ou seja, porque você tem uma visão social muito bem construída e busca por uma sociedade mais justa.

Então, se te indigna alguma política pública precária, se te incomoda problemas sociais profundos, então você faz parte da mudança.

Caiubi Kuhn é professor na Faculdade de Engenharia (UFMT), geólogo, especialista em Gestão Pública (UFMT).



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