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Opinião
Quinta - 28 de Abril de 2022 às 09:42
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Na busca da reeleição, Bolsonaro tem tomado medidas que terão reflexos maiores em 2023. Esse pacote de bondade eleitoral poderá custar entre 160 e 200 bilhões de reais aos cofres públicos.

Com o Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família, os gastos vão saltar de 35 bilhões de reais para 90 bilhões. O pagamento era de 192 reais, foi para 400 reais. Deve voltar a 300 reais no ano que vem, esses 100 reais a mais vale somente para este ano de eleição.

Também diminuiu o imposto sobre produtos industrializados em 25% ou uma arrecadação menor de 20 bilhões de reais. Haverá ainda o reajuste para o servidor federal de forma linear.

Tirou-se o Pis e Cofins, tributos federais, de certas atividades e que afeta também as contas públicas. Tem ainda o auxilio gás, para caminhoneiros e outros que pesarão na conta do governo no próximo ano.

A inflação continua a bater na porta, aumentam-se juros para tentar contê-la, o que afasta investimentos. Arrecada-se menos, portanto. Quem assumir a presidência em 2023 já sabe que vai encontrar um ano, ou até mais de um ano, de contas públicas em trepidação.

Dilma Roussef, em 2014, ano que ia para a reeleição, usou e abusou de bondades eleitorais na busca do voto. Guido Mantega, na coordenação da economia, como agora tem o Paulo Guedes, ajudava a botar fogo no paiol. Os que comandam a economia sabem que levam o país para uma situação econômica complicada.

O interesse, neste governo como no da Dilma, com atos quase insanos na economia, é buscar o voto na próxima eleição, não importa o custo futuro.

A escolha que fez Bolsonaro do general Braga Neto como vice pode está dentro desse quadro todo. Bolsonaro sabe que, se ganhar a eleição, com situação econômica difícil lá na frente, e sem alternativas rápidas e concretas, pode tropeçar. Como foram os casos da Dilma e Collor de Mello com pedidos de impeachment.

Com Braga Neto na vice, Bolsonaro tem alguém que, em tese, amedrontaria o Congresso em votar uma ação como aquela da Dilma. Que o Congresso pensaria duas vezes em trocá-lo por um general.

Bolsonaro não acredita nem um pouco na base de apoio no Congresso ou o tal de Centrão. Sabe que, como ocorreu com a Dilma, podem atrapalhar sua vida política.

Alguém acredita que Dilma caiu por causa de pedalada fiscal? A complicada situação econômica é que a empurra para fora do governo com ajuda de sua base parlamentar no Congresso. Se a economia estiver mal no ano que vem, sem alternativas concretas, poderia ter também o mau humor de muita gente no Congresso.

Se for eleito qualquer outro nome vai ter que enfrentar as mesmas agruras que Dilma Rousseff enfrentou depois de ser reeleita em 2014. E, se o eleito não tiver também resposta efetiva e rápida, sabe-se lá o que pode nascer no Congresso. Coisas do Brasil.

Alfredo da Mota Menezes é analista político.



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