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Opinião
Quarta - 01 de Junho de 2022 às 04:43
Por: Giovana Fortunato

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Toda mulher nasce com uma reserva ovariana definida, que diminui naturalmente na puberdade e a cada ciclo menstrual, ou seja, com o envelhecimento se torna cada vez menor, reduzindo, dessa forma, a capacidade reprodutiva.

A endometriose é conhecida por ser o principal uma das principais causas infertilidade entre as mulheres. Isso ocorre porque as tubas uterinas podem ser obstruídas parcial ou totalmente pelas lesões - impedindo o encontro entre o óvulo e o espermatozóide - ou ainda afastadas dos ovários, o que inviabiliza a captação dos óvulos.

A presença eventual de endometriomas de ovários é outro fator complicador. Os endometriomas são comuns em mulheres nos estágios moderado e grave da doença. São um tipo de cisto ovariano e têm a sua formação justificada pela deposição e crescimento do tecido ectópico na superfície dos ovários, que posteriormente é coberto por aderências e sofre invaginação, tornando-se, dessa forma, uma lesão infiltrativa, reduzindo assim a reserva ovariana e taxa gravidez. São considerados o mais nocivo, podendo resultar, inclusive, em infertilidade permanente, em casos mais graves da doença.

Nos casos de endometriose menos grave, a mulher pode tentar engravidar sem qualquer auxílio por um período de 6 meses a 1 ano. Se não conseguir, ela tem algumas opções terapêuticas:

A operação para a retirada dos focos, mais indicada para mulheres mais jovens com endometriose profunda e recorrer a técnicas de reprodução assistida, normalmente apontadas para mulheres com mais de 37 anos ou dependendo da gravidade da doença em pacientes mais jovens.

Cabe ao médico orientar a paciente sobre a melhor escolha, de acordo com as características do quadro clínico e repercussões reprodutivas.

As chances de gravidez natural pós-cirurgia da endometriose são muito boas. De acordo com estudos internacionais, se for realizada por profissional experiente a taxa chega a 60% ou, nos casos de endometriose intestinal extensa, que demanda a retirada de parte do órgão, a 50%.

É importante destacar que ambos os números se referem ao procedimento laparoscópico, minimamente invasivo. A cirurgia tradicional (laparotomia) apresenta resultados inferiores. Assim, é fundamental que o procedimento seja feito por um profissional com experiência na remoção de endometriomas e implantes das lesões. Preservar a fertilidade antes da cirurgia é geralmente aconselhado, o que acontece a partir do congelamento dos óvulos.

Quando recorrer à reprodução assistida?

As mulheres que não tiverem sucesso após a cirurgia, e as que preferirem não realizá-la devem optar pela fertilização in vitro (FIV), técnica na qual o óvulo é fecundado em laboratório e transferido o embrião fecundado na cavidade uterina .

A FIV é especialmente indicada em casos mais avançados, quando há comprometimento das tubas uterinas, ou em caso de fator masculino, mas também pode ser feita por pacientes com quadros leves que não conseguiram engravidar naturalmente ou após ciclos estimulados.

É importante destacar que a saúde do parceiro também deve ser verificada, uma vez que a dificuldade pode estar ligada a alterações no espermograma. Essa avaliação é necessária quando se investiga um casal com infertilidade conjugal, pois pode haver fator masculino causador dessa dificuldade.

Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra com foco em endometriose e infertilidade, docente do Departamento de Ginecologia da UFMT



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