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Opinião
Quinta - 16 de Junho de 2022 às 10:54
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Todos sabem qual é o posicionamento de Jair Bolsonaro sobre a urna eletrônica. Não acredita no sistema, entende que pode haver fraudes em eleições. Pede que o voto seja auditável. Aliás, na recente viagem aos EUA, na conversa com o presidente americano, Joe Biden, voltou a falar em voto auditável.

Votação com urnas eletrônicas começou em 1996. Foram sete eleições para prefeitos e vereadores e seis, a partir de 1998, para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Nunca houve nenhuma reclamação de que elas não funcionassem ou, pior, que tenha uma “sala secreta” na Justiça Eleitoral onde os votos seriam manipulados.

A Polícia Federal já analisou as urnas e não encontrou nada que mostrasse que podem ser manipuladas. Partidos políticos, os maiores interessados em eleições, nunca disseram nada contra o sistema de votos no país.

Bolsonaro disse antes que tinha como provar que o sistema não era confiável. Buscou informações, ouviu técnicos e esperava-se que ele mostrasse provas de possíveis fraudes no sistema. Não foram apresentadas. Ele confessou que não as tinha.

Bolsonaro foi eleito cinco vezes deputado federal e uma como presidente com as urnas eletrônicas. Seus três filhos tem mandatos parlamentares com as mesmas urnas.

Se houvessem falhas no sistema, nas muitas eleições que se teve no país com as urnas eletrônicas, não teria aparecido alguma indicação disso? Os milhares de funcionários da Justiça eleitoral, nos TREs dos estados, não teriam encontrado algo diferente, em tantas eleições, e comentado sobre isso?

Dá para acreditar que encontram erros nas urnas e nunca houve nenhuma denúncia? Nem mesmo Jair Bolsonaro antes falava em urnas não confiáveis.

De repente tudo mudou. Por que? O que estaria por trás dessa desconfiança recente? Têm-se muitas especulações e perguntas sem respostas.

Se, hipoteticamente, Bolsonaro perde a eleição com essas urnas, ele iria se rebelar contra e não aceitar o resultado? Culpar o sistema? Por que não falou contra as urnas antes nas outras eleições?

Será, continuam as especulações, que esse confronto com o futuro presidente do TSE, Alexandre de Moraes, é algo pensado? Moraes passou a ser a encarnação do mal. Pintado pelos que defendem Bolsonaro como uma coisa ruim.

Seria esse o caminho para tê-lo como adversário declarado do grupo no poder, para, se perder a eleição, não aceitar o resultado por causa das urnas e um suposto trabalho do presidente do TSE?

Nos EUA, Donald Trump, alegou que o sistema americano de eleição não funcionava e que foi roubado na tentativa de reeleição para presidente. Rebelou-se, provocou a invasão do Congresso por seguidores. Agora, uma comissão criada naquele país, chegou a conclusão que ele queria dar um golpe antidemocrático naquele país. Trump é herói para muitos no Brasil.

Será que teremos uma repetição daquilo no Brasil, se a eleição não for favorável a Jair Bolsonaro? O caminho estaria sendo traçado desde agora para esse absurdo ato antidemocrático? Como reagiria a maioria da população? Momento curioso da vida nacional.

Alfredo da Mota Menezes é analista político.



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