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Opinião
Segunda - 20 de Junho de 2022 às 06:23
Por: Txai Suruí

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Nunca foi só ambientalismo. Nunca foi só sobre a floresta. Os corpos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e periféricos são os primeiros de uma realidade que não terá pena de ninguém: sem Amazônia não há vida. O que vemos hoje no Brasil e na última semana, com a notícia estarrecedora da morte cruel de Bruno Pereira e Dom Phillips, é um projeto político. Não há, em nenhum aspecto, em nenhuma morte na guerra territorial que a Amazônia vive, a ausência do Estado brasileiro.

É no enfraquecimento do debate fundiário, no desmantelamento de órgãos fiscalizadores e da ciência e na guerra com as organizações da sociedade civil que Bolsonaro vai aprofundando o projeto de venda da Amazônia para alguns poucos camaradas. É preciso "tirar da frente" todo e qualquer ativismo pela floresta e por seus povos para poder perpetuar a transformação da Amazônia em um território de lucro para poucos e de morte para muitos. A instabilidade no debate territorial, com dezenas de milhões de hectares não destinados, submete as populações tradicionais na Amazônia à violência de grileiros, garimpeiros, pescadores exploratórios e madeireiros.

São ao menos 57 milhões de hectares de florestas públicas que, por não serem destinadas, têm sido palco central das maiores violências que já presenciamos no território

A sociedade civil está atenta, e a cada dia mais e mais brasileiros têm entendido a importância de olhar para a Amazônia e de agir diante desse massacre: garantir o direito de populações tradicionais através da destinação das florestas públicas para povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e extrativistas que há gerações lutam e cuidam para manter viva a maior floresta tropical do mundo. É nesse contexto de emergência frente à destruição que mais de 130 organizações de todo o país se unem na campanha pelo projeto de lei de iniciativa popular "Amazônia de Pé" e convocam todos os que acreditam em um futuro e não aceitam mais ficar calados diante da barbárie.

O projeto obriga e dá prazo para a destinação das terras públicas da região. São ao menos 57 milhões de hectares de florestas públicas que, por não serem destinadas, têm sido palco central das maiores violências que já presenciamos no território. Manter a Amazônia de pé é sobre o direito das populações tradicionais e é também sobre a sobrevivência de um país inteiro. Para protocolar o projeto de lei, precisamos coletar 1,5 milhão de assinaturas físicas. Você pode se unir a esse movimento entrando no site e coletando assinaturas de todos os seus conhecidos. Estamos criando um movimento histórico pela proteção da Amazônia. Agora toda assinatura conta. Resistiremos no campo, avançaremos no Congresso, plantaremos o futuro.

Txai Suruí é cordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia



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