Fiagro é o novo aliado do agronegócio
O Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) completa em julho um ano desde que foi regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas já tem rendido bons frutos, fato que está atraindo bastante a atenção do mercado. Em março deste ano, um levantamento realizado pela Economatica a pedido do InfoMoney, apontou quase 30 processos do Fiagro sendo negociados na B3.
Sendo que destes, muitos já estão distribuindo dividendos mensais e oferecendo retorno na faixa de CDI mais 5% ao ano, podendo chegar até CDI mais 8%. E este é um panorama que tem atraído novos aportes. As projeções da XP Investimentos são de que as ofertas somam algo em torno de R$ 1 bilhão por mês ao longo de 2022, somando R$ 75 bilhões até 2025.
Outro motivo que tornou o modelo atrativo é o aumento da taxa Selic, que em junho alcançou os 13%, devendo permanecer neste patamar por mais tempo do que o esperado. Somado a isso, o movimento de alta de juros e o crescimento do setor agrícola devem contribuir para que os fundos na agroindústria se estabeleçam como uma alternativa aos investidores
O que significa que é real a possibilidade de que eles ultrapassem o patrimônio dos fundos imobiliários (FIIs). De fato, como podemos ver, o Fiagro é um forte aliado do agronegócio brasileiro e nós que atuamos nessa seara estamos conseguindo ver de perto o poder transformador dessa ferramenta, que está colocando o setor produtivo em um outro patamar de negociações.
Por meio deles, as famílias de fundos de investimento passam a poder ser utilizadas por investidores, financiadores, seguradores, fintechs e grupos ou empresas familiares e planejamento tributário em negócios. É um panorama enorme que se abre para os adquirentes, que podem aplicar em imóveis, empresas rurais, ativos financeiros e títulos de créditos.
E por outro lado, significa também possibilidades para o produtor rural, que pode financiar sua atividade no mercado de capitais com taxas mais competitivas, o que impacta sobre os negócios. Para operar esse mar de possibilidades, o Fiagro se divide em três modalidades, que dão aporte em várias frentes como em direitos creditórios, imobiliários e em participações.
Dentro dessas frentes, constam ainda títulos recebíveis como Cédula do Produtor Rural (CPR), contratos de vendas de grãos e até mesmo participação societária em empresas que funcionam como ativos lastros. Porém, é fato que a maioria do público até agora está procurando por fundos exclusivos para aplicações em recebíveis, através da estruturação de Certificados de Recebíveis do Agronegócio, os CRAs.
No outro lado da ponte, alguns fundos atuam ainda como híbridos, levando a possibilidade de se investir em terras e participações. Junto a esses, há ainda os destinados exclusivamente para terras agrícolas, que refletem o mesmo conceito dos Fundos de Investimentos Imobiliários (FII), mas aplicados na aquisição total ou parcial de fazendas.
Apesar de pouco tempo de implantação, o Fiagro tem conseguido desempenhar um papel importante, quando observados pelo ponto de vista de retorno. E considerando o estágio inicial em que ele se encontra, pode proporcionar chances de operações em que a oportunidade de obter retorno é mais favorável, principalmente quando comparado ao já consolidado FIIs.
Inclusive, numa comparação entre os dois setores - construção civil e agronegócio - é importante destacar o tamanho deles O primeiro representa 5% do PIB do Brasil, enquanto o segundo é responsável por 25% do PIB, podendo chegar a 30% ainda em 2022. Então a indústria do agro é 5 vezes maior que a construção civil, além de que, conhecidamente é uma das mais competitivas no mundo.
Outro ponto é que em momentos de instabilidades, em que ocorrem desvalorização da moeda, inflação e a subida de juros CDI, o impacto é mais suave no setor. Isto porque, o preço do etanol, açúcar, soja, milho, estão no máximo. Tudo isso demonstra como o Fiagro garante segurança jurídica e benefícios tributários para grupos que queiram voltar sua atenção para o agronegócio brasileiro.
* Rodrigo Santos é diretor executivo da RSA Capital
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