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Opinião
Sexta - 15 de Julho de 2022 às 09:58
Por: MARIA AUGUSTA RIBEIRO

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Num mundo rodeado pela tecnologia, viver sem ela parece impossível pra crianças e jovens de hoje. E o uso dessa tecnologia toda esta fazendo com que a chamada geração Z, nascida a partir dos anos 2000, esteja hiperconectadas, mas menos felizes.

A sociedade atual não é mais feita por gente conectada, o mundo agora é os Hiperconectados. Porém, estudos sugerem que ser hiper não é tão saudável assim. E crianças e jovens que passam a maior parte do dia em frente a uma tela, estão mais propensos a serem pessoas cada vez mais infelizes e despreparados emocionalmente para a vida adulta.

Apesar de ser uma geração que se socializa de maneira totalmente nova, afinal usam a internet para tudo! Acabam por rejeitar tabus sociais e desejar coisas diferentes nas suas vidas e carreiras profissionais que parecem não se encaixar.

E tudo bem que pais e mães não passem o tempo todo da infância de seus filhos fazendo currículo para que tenham habilidades profissionais quando crescerem. Mas é dever de todos os pais construir relações onde habilidade emocionais sejam formadas na infância e parece que isso não esta acontecendo.

Pesquisas apontam que 86% dos adolescentes dessa geração não esta preocupada com procurar emprego e nem pensar na carreira que deseja seguir em comparação com todas as outras gerações anteriores, lembrem-se somos 5 gerações diferentes habitando esse planeta ao mesmo tempo.

Porque isso acontece? A pesquisadora Jean M. Twenge em seu livro Igen, fala que jovens estão hoje passando mais tempo na frente de uma tela para lazer do que outras gerações e isso esta afetando a capacidade emocional de se arriscar em vivencias próprias.

Segundo Twenge esses jovens são obcecados por segurança, focados na tolerância e não tem paciência para a desigualdade. Crescem num ambiente seguro, se expõem menos a situações de risco, tem uma relação próxima com a hiperconectivade e são menos propensos a dirigir, fazer sexo, sair de seus lares e beber álcool.

Por outro lado, chegam a universidade e ao mundo do trabalho sem experiências, mais dependentes e com dificuldade de tomar decisões. Eles têm amadurecimento mais lento que outras gerações.

Jovens de 22 anos parecem e agem como se tivessem 15 anos. E isso se deve ao fato de que a internet esta substituindo todas as outras atividades diárias. Não passam muito tempo com a família, se tem amigos na vida real interagem pouquíssimo. Um bom exemplo disso é o reality“ Geração Z no perrengue” netflix.

Os Hiperconectados jogam em excesso, compram em excesso e se alimentam em excesso. Segundo dados da ONU temos mais gente morrendo de obesidade do que de fome.

Talvez por isso essa seja a geração que mais esta experimentando níveis sem precedentes de ansiedade, depressão e solidão.

Muitas das causas tanto da felicidade quanto da tristeza estão fora de nosso controle. Não podemos evitar os genes com os quais nascemos e tão pouco evitar as coisas negativas que nos aconteceram no passado. Mas podemos controlar como passamos nosso tempo de lazer usando a tecnologia.

Ninguém precisa abrir mão do telefone, sair de redes sociais ou deixar de jogar. Mas precisamos pensar nas coisas que realmente nos fazem feliz e para isso acontecer precisamos viver mais no físico do que no digital.

Por mais bacana que seja ver essa geração hiperconectadas a internet não vai bastar. Pais precisam entender que crianças e jovens precisam de famílias que deem escuta, que sejam carinhosos e que agreguem experiências física e digitais para uma convivência melhor.

Smartphones são incríveis; eles fazem um monte de coisas para nós. Mas eles têm que ser uma ferramenta que usamos e não uma ferramenta que nos usa. Pense nisso!

Maria Augusta Ribeiro é especialista em Netnografia e Comportamento Digital.



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