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Um Quadro Esdrúxulo
Pipocam denúncias pelo país afora. Tem para todo o gosto ou “estomago”. Ontem, falou-se no escândalo dos maquinários, do “Mato Grosso 100% equipado”; hoje, “venda de cartas-convites na Sanecap”; e, entre esta e aquela, cobrança de propina em ministérios do governo Dilma. Haja CPI para apurar tantas falcatruas e desculpas, com as quais se retiram as assinaturas dos requerimentos. Afinal, tudo se resolve com a impunidade, até em nome da governabilidade.
Desfecho em nome da coalizão, da estabilidade. Só faltou acrescentar “para o bem das instituições”, enquanto o corruptor – que jamais é identificado – escapole pela “porta da frente”, no exato instante em que se troca a fotografia de plantão, com o fim de evitar mais desgastes. Desgastes que afetam a relação entre o governante e a sua base de sustentação, que foi construída – lá atrás – quando ainda se desenhava a coligação necessária para vencer a disputa eleitoral.
Quadro que já tinha como pano de fundo o loteamento dos cargos. Aliás, partido algum oferece apoio a um terceiro – a quem cabe apresentar a candidatura – sem deste receber nada em troca, assim como fazem os financiadores de campanha.
Conta altamente majorada. Cobrada tão logo se dá a vitória. Pois aliado algum quer perder o quinhão desejado. Quinhão que pode permitir a sigla contemplada acomodar apadrinhados e caciques menores, os quais abrem o leque das possibilidades. Inclusive o de fazer caixa para as futuras eleições. Foi exatamente isso que se viu estampado na imprensa a respeito das propinas cobradas no Ministério dos Transportes.
O barulho foi grande. A troca, porém, do ministro titular – acompanhada de outras 27 demissões – amenizou o clima. Mais ainda suavizado com surgimento de novas acusações, desta feita nos Ministérios da Agricultura e do Turismo.
É sempre assim. Tanto que já caiu no esquecimento o escândalo do maquinário, em Mato Grosso. Bem antes de estourar o escândalo em Várzea Grande e o da Sanecap (Cuiabá) que, igualmente como os anteriores, não devem dar em nada. Até porque os cargos na dita empresa também foram preenchidos com indicações dos partidos da base do prefeito.
Indicações partidárias sem quaisquer cuidados com a competência e a habilidade. Requisitos indispensáveis de toda formação do secretariado e do ministério. O governo – seja municipal, estadual ou federal –, assim, torna-se refém. Ainda que tenha em seu poder a caneta para as nomeações e as chaves do cofre, com as quais libera a conta-gotas verbas destinadas para atender um ou outro pleito dos parlamentares. Liberação e nomeação que são trocadas por apoios no Legislativo.
Estabelece, então, uma forte teia de clientelismo. Teia que se estende para beneficiar algumas empresas, diretamente envolvidas em negócios com o governo, e que são guindadas ao topo pelas mãos de algum personagem influente, ou de um apadrianhado deste; ao mesmo tempo em que se tem aberta – mais e mais – as fendas por onde escoam o dinheiro público. Daí o surgimento dos “anões do orçamento”, do “mensalão”, do “sanguessuga” e, por último, as recentes denúncias de corrupção, sem, contudo, ignorar tantas outras, inclusive regionais e locais.
Mas, infelizmente, não se tem punição. A falta desta que faz crescer as proezas do “colarinho branco”, que acobertado pelo que se convencionou chamar de presidencialismo de coalizão, de governabilidade. Quadro que precisa ser revisto, discutido, ou pelo menos não seja mais norteado pelo loteamento de cargos, pela negociata de liberação de recursos, mas, isto sim, por pontos e por projetos.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br
Desfecho em nome da coalizão, da estabilidade. Só faltou acrescentar “para o bem das instituições”, enquanto o corruptor – que jamais é identificado – escapole pela “porta da frente”, no exato instante em que se troca a fotografia de plantão, com o fim de evitar mais desgastes. Desgastes que afetam a relação entre o governante e a sua base de sustentação, que foi construída – lá atrás – quando ainda se desenhava a coligação necessária para vencer a disputa eleitoral.
Quadro que já tinha como pano de fundo o loteamento dos cargos. Aliás, partido algum oferece apoio a um terceiro – a quem cabe apresentar a candidatura – sem deste receber nada em troca, assim como fazem os financiadores de campanha.
Conta altamente majorada. Cobrada tão logo se dá a vitória. Pois aliado algum quer perder o quinhão desejado. Quinhão que pode permitir a sigla contemplada acomodar apadrinhados e caciques menores, os quais abrem o leque das possibilidades. Inclusive o de fazer caixa para as futuras eleições. Foi exatamente isso que se viu estampado na imprensa a respeito das propinas cobradas no Ministério dos Transportes.
O barulho foi grande. A troca, porém, do ministro titular – acompanhada de outras 27 demissões – amenizou o clima. Mais ainda suavizado com surgimento de novas acusações, desta feita nos Ministérios da Agricultura e do Turismo.
É sempre assim. Tanto que já caiu no esquecimento o escândalo do maquinário, em Mato Grosso. Bem antes de estourar o escândalo em Várzea Grande e o da Sanecap (Cuiabá) que, igualmente como os anteriores, não devem dar em nada. Até porque os cargos na dita empresa também foram preenchidos com indicações dos partidos da base do prefeito.
Indicações partidárias sem quaisquer cuidados com a competência e a habilidade. Requisitos indispensáveis de toda formação do secretariado e do ministério. O governo – seja municipal, estadual ou federal –, assim, torna-se refém. Ainda que tenha em seu poder a caneta para as nomeações e as chaves do cofre, com as quais libera a conta-gotas verbas destinadas para atender um ou outro pleito dos parlamentares. Liberação e nomeação que são trocadas por apoios no Legislativo.
Estabelece, então, uma forte teia de clientelismo. Teia que se estende para beneficiar algumas empresas, diretamente envolvidas em negócios com o governo, e que são guindadas ao topo pelas mãos de algum personagem influente, ou de um apadrianhado deste; ao mesmo tempo em que se tem aberta – mais e mais – as fendas por onde escoam o dinheiro público. Daí o surgimento dos “anões do orçamento”, do “mensalão”, do “sanguessuga” e, por último, as recentes denúncias de corrupção, sem, contudo, ignorar tantas outras, inclusive regionais e locais.
Mas, infelizmente, não se tem punição. A falta desta que faz crescer as proezas do “colarinho branco”, que acobertado pelo que se convencionou chamar de presidencialismo de coalizão, de governabilidade. Quadro que precisa ser revisto, discutido, ou pelo menos não seja mais norteado pelo loteamento de cargos, pela negociata de liberação de recursos, mas, isto sim, por pontos e por projetos.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br
URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/467/visualizar/
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