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Opinião
Sexta - 29 de Julho de 2022 às 11:55
Por: Alfredo da Mota Menezes

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A balbúrdia partidária no Brasil chegou a um ponto inconcebível. Está um liberou geral. E o próprio partido é que autoriza. Parlamentar de Mato Grosso disse outro dia que “meu partido é democrático”.

Querendo dizer, com essa frase, que o partido havia autorizado seus membros, eleitos ou filiados, a votarem em quem quisessem de qualquer partido. Chama isso de democrático. Chegou-se a um ponto ilógico a questão partidária nacional. Além de se ter partidos em demasia.

Em 110 países pesquisados por Universidade da Alemanha, o Brasil só perde para a Índia em números de partidos. E lá tem mais de 1.2 bilhões de habitantes, mais de seis vezes a população do Brasil. Temos 33 partidos registados no TSE e 24 representados na Câmara dos Deputados. Como governar um país com tantos partidos?

E as trocas partidárias? Só nesta legislatura mais de 130 deputados federais mudaram de partidos. Tem lógica? Tem isso em outros países? O Brasil é que está correto, os outros não? Aqui é “democrático” ter esse tanto de partidos, como concordou até o STF tempos atrás.

Será que os EUA, onde se tem praticamente dois partidos em disputa, Democratas e Republicanos, ou Inglaterra, com Conservadores e Trabalhistas e tantos outros países pelo mundo, estão errados e o Brasil é que está certo com tantos partidos?

As propostas de partidos são basicamente duas. Uma mais a esquerda ou ênfase em investimentos no social. Outra mais para a direta do espectro politico. Em que se dá mais liberdade ao capital com o argumento de que, com mais liberdade e menos impostos, podem investir mais e criarem mais empregos.

São as duas tendências mundiais. No Brasil temos aquele monte de partidos no Congresso representando que tendências?

Será que não dá votos um candidato a deputado federal ou a senador defender que, se eleito, iria lutar para diminuir o número de partidos no Brasil? Ou esse assunto não tem importância perante o eleitorado? A culpa seria de quem mesmo? Dos políticos ou da maioria da sociedade que não se faz ouvir num tema como esse?


Em determinado momento se criou lei no Brasil para acabar com as coligações. Quando se aproximou a data marcada, o próprio Congresso, que criara a lei, inventou a federação partidária que nada mais é que outro tipo de coligação.

Se não tivesse coligação, o partido que não alcançasse um número determinado de votos não teria mais acesso ao fundo eleitoral e partidário. Tenderia a desaparecer. Diminuiria o número de partidos. O Congresso voltou atrás e continuou a balbúrdia partidária e eleitoral.

Foi uma enorme asneira o regime militar acabar com os partidos tradicionais. Outras ditaduras na América Latina não fizeram isso. Aqui criaram dois, MDB e Arena.

Como o MDB começou a crescer muito, o regime abriu a porteira para quantos partidos fossem para enfraquecê-lo. Deu na situação absurda do momento. Em que os partidos acham que é democrático permitir que seus filiados votem em quem quiser e de que partido for.

Alfredo da Mota Menezes é analista político.



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