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Opinião
Sábado - 06 de Agosto de 2022 às 07:13
Por: Marco Marrafon

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Estamos na véspera da semana dos advogados e para comemorar essa data vamos tratar de alguns desafios enfrentados por um jovem advogado no Brasil.

Ao concluir a prova da OAB com êxito, o advogado pode enfim exercer a sua profissão. Mas, por onde começar? Clientes não aparecem magicamente à nossa porta apresentando suas queixas.

A primeira coisa é delimitar bem sua área de atuação e compreender o nicho de mercado em que atuará. Depois começar a montar lenta e cuidadosamente uma carteira de clientes para atender.

Na hora de decidir a área de atuação, não é bom ponderar apenas a área com salários mais altos, mas aquela em que o advogado tem uma maior aptidão e talento. Na carreira, alguns lidam melhor com questões públicas, outros são mais chegados ao ambiente cível-empresarial ou mesmo preferem os desafios da área criminal. Não adianta buscar o dinheiro se a área não é a que o advogado tem alguma identificação e conhecimento, pois pessoas mais vocacionadas conseguirão resultados melhores. Assim, deve-se buscar conciliar a aptidão com a demanda de advogados na área e o potencial de mercado.

Para aqueles que não têm uma fonte de renda extra ou auxílio da família, esse começo pode ser ainda mais doloroso. Se for abrir um escritório, além dos custos é necessário saber empreender, atuar como gestor e aprender habilidades que não são o foco da graduação em direito, mas necessárias para se desenvolver na profissão.

Felizmente vivemos na era da informação e hoje se têm aos montes cursos sobre empreendedorismo e gestão na internet, muitos de graça. No próprio Youtube é fácil encontrar diversos profissionais dando bons conselhos, mas é bom saber filtrar, pois também existe charlatanismo nas redes sociais.

De outra feita, quem decide entrar num escritório em regime empregatício ou mesmo associado, pode ganhar experiências importantes e imprescindíveis para o bom desempenho da profissão, ainda que, especialmente aos iniciantes, a remuneração não seja muito atrativa. De quaquer modo, os ganhos de aprendizado com advogados atuantes compensam a experiência, sem contar a possibilidade de fazer carreira em um grande grupo advocatício.

Em qualquer das opções é preciso ter em mente que a advocacia se realiza com muito trabalho, dedicação e paciência, pois uma boa remuneração normalmente só é conquistada depois de vários anos de atividade e com a confiança adquirida dos clientes.


Além disso, é preciso ser muito diligente nos processos em que atuará. É necessário estudar muito, pensar estrategicamente e olhar os detalhes que muitas vezes passam desapercebidos pela maioria.

Lembre-se: saber direito não significa saber advogar e ter domínio pleno dos casos e do direito aplicável faz toda a diferença para alcançar o êxito. Nesse quesito, é importante, participar das comissões temáticas da OAB, estar sempre atento aos cursos de formação ofertados pela Ordem e manter-se atualizado.

Por isso é bom se preparar antes com atividades extracurriculares e desenvolver uma boa networking (rede de relacionamentos) para sair na frente e expandir o leque de possibilidades, abrindo mais caminhos disponíveis.

Falando em Networking, esse é um dos maiores desafios dos novos advogados que não dispõem de familiares atuando na área. Entretanto, construir uma Networking eficiente é muito importante na formação da carteira de clientes.

Além de tudo isso, saber gerir o tempo e administrar os processos também é fundamental, o que exige um bom conhecimento de ferramentas digitais para a otimização de suas atividades. Nesse ponto, aqueles que trabalham com agilidade e organização certamente sairão na frente. Por isso, buscar entender os principais sistemas e softwares usados pelos Tribunais e pelos colegas evitará que se tenha que aprender tudo em cima da hora quando outros processos adaptativos já consumirão muito da energia do jovem advogado.

Na era da tecnologia, fique atento para as tendências de visual law e legal design, as quais podem auxiliar no processo de transmissão de conhecimento aos julgadores, uma vez que permitem explicar fatos e teses jurídicas com o apoio de gráficos e fluxogramas de compreensão rápida e objetiva.

Advogar não é simples, porém, recompensa aqueles que estão dispostos a prover um bom serviço à sociedade. É necessário ter persistência para superar os desafios iniciais, sabendo que em toda trajetória de qualquer profissão se encontrarão obstáculos. O importante é trabalhar da forma que mais se adeque à sua personalidade, seja autônomo, em um grande escritório ou mesmo na advocacia pública e, assim, com muita determinação e dedicação, os bons frutos serão conquistados.

Marco Marrafon é advogado constitucionalista.



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