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Bagunça Pela Ausência
Muito se falou em VLT. Quase nada, porém, a respeito do BRT. Embora se saiba da existência de pessoas que defendem o segundo modal - inclusive políticos – em meio às manifestações favoráveis ao primeiro. Isso, no entanto, não provocou a discussão tão necessária. E mesmo que a tivesse provocado, o tal debate se perderia no aspecto do “gosto”, ou do fator “moderno”, “da possibilidade de alguém ficar ou entre dois VLTs ou dois BRTs”. Jamais, portanto, a dita discussão passaria pelos pontos norteadores da concessão.
Pontos imprescindíveis. Até porque nem as prefeituras se encarregariam de tocar o sistema escolhido, tampouco o Estado. Incumbência que recairia sobre os ombros de uma empresa particular, a qual exploraria o serviço por trinta anos, e se encarregaria da manutenção em geral do sistema. Situação natural e recomendada. Aliás, bastante utilizada pelo mundo afora.
O estranho, contudo, é saber que uma vez mais as tetas públicas ficarão a disposição de um ou de meia dúzia de particulares. A estes caberão tão somente usufruir das vendas das passagens, sem que tenham arcados com dinheiro algum na viabilização e implantação do modal escolhido. Viabilização e custos cobertos graças a empréstimos contraídos pelo Estado de Mato Grosso, e quem deverá liquidar o “papagaio” em um tempo previamente estipulado, limitando mais e mais suas economias em épocas de “vacas magras”.
Não parece ter surgido empresa alguma que se responsabilize por esse empréstimo. O que evitaria o governador “tomar chá de cadeiras” nas portas dos ministérios, e bajular um ou outro intermediário com poder o bastante para lhe facilitar o ingresso nas “salas das liberações”. Mesmo assim, ser obrigado a protelar uma decisão que deveria ter sido tomada no ano passado.
Antes, porém, convidar os munícipes várzea-grandenses e cuiabanos para opinarem a respeito. Sobretudo quando se tem recursos públicos em um empreendimento a ser explorado por terceiros.
Prática frequente em outros países. Na copa de futebol da Alemanha, em 2006, por exemplo, Munique precisou construir o estádio que sediou a abertura. Construção toda bancada com grana de particulares, afinal o dito estádio seria privado. Mas a administração pública local teria que gastar com reparos e aberturas de novas ruas, com o fim de facilitar o acesso das pessoas para assistirem aos jogos. Por isso, a população foi convidada a se manifestar se concordava ou não com os gastos de competência da Capital da Baviera.
Prática necessária, bem como importante para o deslanchar da democracia. As autoridades brasileiras, entretanto, têm entendimento diferente do que seja a vida democrática. Pois, sequer, prestam contas de suas ações. Não se viu, a propósito, um relatório da viagem que a comitiva – liderada pelo governador – realizou a cidade do Porto, em Portugal. Viagem para conhecer o VLT.
Curiosamente, não fazia parte dessa comitiva nenhum técnico ou especialista em transporte coletivo.
Percebe-se, então, a bagunça que se criou em torno da “decisão do modal”. Bagunça que favorece aos maus gestores, e gera um sem número de especulações, a ponto de não se discutir a “tarefa” e a serventia da AGECOPA, colocada em xeque pelo deputado Romário – estranhamente ignorada pelos veículos de comunicações.
De todo modo, vale acrescentar: esta coluna é favorável ao VLT, porém rejeita a forma e a maneira que as coisas estão sendo conduzidas, sem a discussão devida – afinal, haverá dinheiro público em um negócio a ser explorado por particular. É o fim da picada. Não???
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br
Pontos imprescindíveis. Até porque nem as prefeituras se encarregariam de tocar o sistema escolhido, tampouco o Estado. Incumbência que recairia sobre os ombros de uma empresa particular, a qual exploraria o serviço por trinta anos, e se encarregaria da manutenção em geral do sistema. Situação natural e recomendada. Aliás, bastante utilizada pelo mundo afora.
O estranho, contudo, é saber que uma vez mais as tetas públicas ficarão a disposição de um ou de meia dúzia de particulares. A estes caberão tão somente usufruir das vendas das passagens, sem que tenham arcados com dinheiro algum na viabilização e implantação do modal escolhido. Viabilização e custos cobertos graças a empréstimos contraídos pelo Estado de Mato Grosso, e quem deverá liquidar o “papagaio” em um tempo previamente estipulado, limitando mais e mais suas economias em épocas de “vacas magras”.
Não parece ter surgido empresa alguma que se responsabilize por esse empréstimo. O que evitaria o governador “tomar chá de cadeiras” nas portas dos ministérios, e bajular um ou outro intermediário com poder o bastante para lhe facilitar o ingresso nas “salas das liberações”. Mesmo assim, ser obrigado a protelar uma decisão que deveria ter sido tomada no ano passado.
Antes, porém, convidar os munícipes várzea-grandenses e cuiabanos para opinarem a respeito. Sobretudo quando se tem recursos públicos em um empreendimento a ser explorado por terceiros.
Prática frequente em outros países. Na copa de futebol da Alemanha, em 2006, por exemplo, Munique precisou construir o estádio que sediou a abertura. Construção toda bancada com grana de particulares, afinal o dito estádio seria privado. Mas a administração pública local teria que gastar com reparos e aberturas de novas ruas, com o fim de facilitar o acesso das pessoas para assistirem aos jogos. Por isso, a população foi convidada a se manifestar se concordava ou não com os gastos de competência da Capital da Baviera.
Prática necessária, bem como importante para o deslanchar da democracia. As autoridades brasileiras, entretanto, têm entendimento diferente do que seja a vida democrática. Pois, sequer, prestam contas de suas ações. Não se viu, a propósito, um relatório da viagem que a comitiva – liderada pelo governador – realizou a cidade do Porto, em Portugal. Viagem para conhecer o VLT.
Curiosamente, não fazia parte dessa comitiva nenhum técnico ou especialista em transporte coletivo.
Percebe-se, então, a bagunça que se criou em torno da “decisão do modal”. Bagunça que favorece aos maus gestores, e gera um sem número de especulações, a ponto de não se discutir a “tarefa” e a serventia da AGECOPA, colocada em xeque pelo deputado Romário – estranhamente ignorada pelos veículos de comunicações.
De todo modo, vale acrescentar: esta coluna é favorável ao VLT, porém rejeita a forma e a maneira que as coisas estão sendo conduzidas, sem a discussão devida – afinal, haverá dinheiro público em um negócio a ser explorado por particular. É o fim da picada. Não???
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br
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