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Opinião
Quarta - 24 de Agosto de 2022 às 10:22
Por: PAULO VICTOR FANAIA

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Em sua entrevista ao JN na noite desta segunda-feira (22), o candidato Jair Bolsonaro mostrou-se aquém do esperado, tanto por seus apoiadores, quanto pelos opositores e indecisos.

Para os primeiros, revelou um presidente acuado por seu passado, explicando-se com dificuldade sobre polêmicas em que se envolveu durante o mandato.

Diante de um William Bonner bastante desconcertante - na postura e na sequência de perguntas - gaguejou, tropeçou em algumas declarações, mas arrancou um empate.

Para seus opositores, frustrou por sua baixa temperatura. Bolsonaro tentou mostrar-se frio e tranquilo, mas não por muito tempo. Já na primeira declaração, acusou o âncora do Jornal Nacional de promover fake news. Todavia, conseguiu segurar os ânimos pelos - duríssimos - 40 minutos.

Aos indecisos, Jair Bolsonaro não empolgou: revelou-se um candidato cansado, desanimado e na defensiva. Evitou ao máximo falar de futuro, não apresentou propostas, justificou um mandato aquém do prometido (invocando a pandemia da Covid-19 e a guerra da Rússia contra a Ucrânia) e valeu-se de auxílios recentemente explorados - à título de urgência - como conquistas de seu mandato.

A verdade é que Bolsonaro está ciente de todas as cascas de banana que possui pelo caminho. JN explorou-as até pouco. Inúmeras outras poderiam ser invocadas, com potencial de danos ainda maiores.

Temendo pisar nelas e - provavelmente atendendo aos apelos de seus marketeiros para que evite subir ainda mais a temperatura de seus posicionamentos, sobretudo quanto às urnas eletrônicas - evitou a própria caminhada.

Olha para o chão a todo instante, o que lhe impossibilita de olhar para frente e para o futuro do país. Essa imagem ficou clara para os espectadores do JN, ontem.

Se é verdade que Bolsonaro não perdeu votos nesta segunda-feira (22), também é certo apostar que não ganhou nenhum. Isso, para quem necessita de conquistar de 10% a 15% dos brasileiros para liquidar a fatura em eventual segundo turno contra Lula, é um resultado bastante preocupante.

Tudo o que o marketing de Bolsonaro não queria era um zero a zero, que só beneficia o petista, que ainda lidera as pesquisas.

Paulo Victor Fanaia Teixeira é jornalista e mestre em Sociologia.



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