Precisamos falar sobre as práticas integrativas em saúde
Quero começar este artigo falando de uma coisa muito importante, mas que ainda é muito desmerecida hoje, os conhecimentos populares. Ao contrário do que muita gente pensa, foram os conhecimentos populares que integraram as academias, e deles os acadêmicos elaboraram o conhecimento científico que se tem hoje.
Desmerecer os conhecimentos, as informações passadas por gerações, as crenças populares, é o mesmo que desmerecer muito do conhecimento firmado na atualidade. Afinal, nenhum estudo surge do nada, e aquela ervinha que sua avó te dava, e tantas outras situações, serviram de pontapé para alguma pesquisa.
A própria história da psicanálise, por exemplo, retrata muito bem o que eu quis dizer. Freud, quando começou a estudar medicina, compreendeu que a área de estudo era limitada e que as doenças não eram simplesmente doenças do corpo. Então ele foi conhecer e pesquisar práticas como a hipnose e outras áreas de conhecimento, porque assim seria possível curar a alma, e não só o corpo.
Ponderado isso, acho que podemos falar das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). Antes conhecidas como práticas alternativas, algo diminutivo e sem muita importância, as PICS começaram a ganhar relevância depois de instituída a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
As PICS começaram a fazer parte do SUS depois de um longo caminhar. Observando que milhões de brasileiros utilizavam as então chamadas terapias holísticas, ou alternativas, começou-se a estudar as práticas e reconhecê-las. Depois de muita pesquisa, passou-se, então, a considerar a saúde do ser humano de uma maneira mais ampla, levando em conta o físico, psíquico, emocional e social.
O termo terapia alternativa deixou de ser usado porque as PICS não são uma simples alternativa, mas integram qualquer perfil de tratamento, complementando e prestando esse cuidado além do que a medicina convencional pode chegar. Um exemplo é a questão emocional, com diversas práticas que trabalham a emoção e ajudam no resultado final do tratamento tradicional.
Na verdade, são diversas as PICS que cuidam do ser humano em sua completude. O SUS reconhece cerca de 30 práticas, mas a gente sabe que têm muito mais. São tantas que hoje elas passam a ser divididas, por exemplo, as práticas que utilizam a energia das mãos, como a barra de access, reiki e tantas outras.
Como vocês podem ver, as PICS vêm avançando muito e, a partir de sua entrada no SUS, as práticas passaram a ganhar ainda mais reconhecimento, deixando para trás preconceitos como a ideia de charlatanismo. O Sindicato dos Terapeutas de Mato Grosso (Sinter-MT) sempre reforça, em todas as ações e eventos: atrelada às PICS tem muito estudo e muito conhecimento.
Para quem não sabe, só é considerado Terapeuta, registrado no sindicato, aquele que possui, no mínimo, 180 horas de um curso específico, com certificado idôneo ligado a uma instituição de ensino. Portanto, só é Terapeuta quem tiver essa certificação mínima e estágio.
Entendendo isso, e paralelo ao 13º Encontro dos Terapeutas, o Sinter realizará o I Congresso Estadual de Práticas Integrativas e Complementares (CEPICs), para debater as PICS, seu cenário em Mato Grosso e abrir o leque de conhecimentos para todos os profissionais da área da saúde, e não só os terapeutas, porque para nós, trabalhar em conjunto é a melhor atitude para se ter os melhores resultados.
Dentre tantos assuntos que serão debatidos, o Congresso trará as possibilidades desse mundo pós-pandemia com tantas coisas que se afloraram e como as PICS podem auxiliar. Sem contar nos debates sobre a profissão e o incentivo à graduação em saúde, para ampliar o leque profissional para futuros concursos que contemplem o Terapeuta.
Enfim, são muitos assuntos importantes que farão parte do CEPICs. Quem quer saber mais, seja profissional de saúde, estudante ou interessado no tema, faça a sua inscrição no site do Sinter-MT. O evento será dia 24 de setembro, sábado. Espero vocês lá.
Sonia Mazetto é presidente do Sindicato dos Terapeutas de Mato Grosso (Sinter-MT) e Gestora de Potencial Humano
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