Voto dos evangélicos Houve um tempo aqui no Brasil que igrejas cristãs não se metiam em política
Como esperado, está cada vez mais intensa a disputa neste final de campanha para Presidente da República.
Há duas semanas do primeiro turno as intenções de votos dos eleitores estão se consolidando, embora haja um pequeno deslocamento de preferência em direção ao Presidente Bolsonaro, indicando a necessidade de um segundo turno.
Antecipa-se já nesse primeiro turno uma feroz busca pelos votos do Ciro Gomes e da Simone Tebet, pois estes dois concorrente estão praticamente fora do confronto porque não conseguem passar de 8%, o Ciro e de 5%, a Simone.
Mas, conforme indicam as pesquisas, são os evangélicos que podem alterar o rumo do pleito e por isto são disputados desesperadamente pelos dois concorrentes.
Deveria soar estranho que em um país majoritariamente católico se atribua aos crentes o poder de definir o vencedor, posto que estes são pouco mais que a metade daqueles e principalmente porque os dois postulantes ao cargo principal se dizem seguidores do catolicismo.
Mas por que será que sendo adeptos da religião romana, como dizem, os dois principais candidatos vivem bajulando os crentes e parecem não se preocupar muito com o voto dos católicos que são muito mais numerosos?
Houve um tempo em que aqui no Brasil as igrejas cristãs não se metiam em política, vedando seus púlpitos à propagandas eleitorais e os seus seguidores tinham orgulho dessa posição delas.
Mas, há mais ou menos 30 ou 40 anos, surgiu uma safra de pastores estridentes, exorcistas e milagreiros – parentes, contraparentes, e amigos entre si – que levaram para dentro de seus templos todos os vícios da politicagem. Nesse processo as virtudes dos fiéis que deveriam prevalecer foram dominadas pelas baldas dos políticos.
Agora os candidatos crentes que são centenas não diferem em nada dos politiqueiros comuns nas mentiras que proferem, no palavreado grosseiro que adotam e nas leviandades que difundem.
Preocupam-se – respondendo à pergunta acima - com o voto dos protestantes porque são aceitos e bem recebidos em suas igrejas. Aqui eles encontram as portas abertas para suas propagandas e com a boa vontade de pastores e bispos para serem seus cabos eleitorais, trabalhando na busca de votos. Principalmente os histriônicos e midiáticos pastores, bispos e evangelistas cada vez mais ricos e cada vez mais vorazes na busca do dinheiro do pobre fiel.
Enquanto isso a Igreja Católica condena a aproximação com a política e veda aos seus padres e bispos a participação em processos eleitorais. Não só a católica mas também as evangélicas tradicionais do Brasil que continuam firmes na posição de “dar a Deus o que é de Deus e a César (imperador romano) o que é de César” como diz o texto bíblico. Por enquanto padres e pastores tradicionais não se prestam a buscar votos entre os fiéis durante as missas e cultos.
Não é que o cristão – católico ou evangélico - não deva participar de política, mas que, institucionalmente, fique fora dela evitando-se a indesejada promiscuidade da religião com a política. Assim pensa o Vaticano e também o Concílio das igrejas evangélicas tradicionais.
Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.
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