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Opinião
Terça - 16 de Agosto de 2011 às 16:06
Por: Lourembergue Alves

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 Todos negam. Mas negativa alguma é capaz de esconder o desentendimento existente. Desentendimento que tem como nascedouro a omissão e a falta de diálogo. Governo e deputados estaduais caminham por trilhas distintas. Ainda que tenham que pegar o mesmo modal de transporte. Estão em vias de colisão. Pois, ambos usam os sinais trocados. Isso faz a população pensar que há, na Assembléia, uma forte oposição ao governo.

Justificam-se, portanto, as críticas direcionadas a determinados secretários. Outro dia, da tribuna do Legislativo, vozes defendiam auditoria na SEDUC; enquanto no plenário, havia um coro contra o secretário do Meio Ambiente, ao mesmo tempo em que da Mesa Diretora saia queixas aos da Fazenda e do Transporte e Pavimentação Urbana. Em meio a tudo isso, taciturnamente se encontrava o líder do governo. Talvez por desconhecer a dimensão exata do problema. Um problema que se torna maior com os depoimentos de parlamentares registrados na imprensa, e vinham muito antes da gestação do Projeto de Lei que cria o Fundo de Erradicação da Pobreza e da Miséria no Estado. Tanto que ainda não se falava em tal projeto, e o presidente da Casa já tecia duras críticas ao governo, sem que do Palácio Paiaguás saísse qualquer tipo de reação. Nem mesmo quando foi atribuída nota 7,0 aos seis primeiros meses da atual gestão, tampouco no instante em que o dito parlamentar se mostrou indisposto a “cair no precipício” pelo governo. 
 
Confissão, no mínimo, curiosa. Pois, nestes quase nove anos, jamais se ouviu algo parecido. Ao contrário. Ouviu-se, isto sim, bastante “rasgação de ceda”, e muitas juras de amor entre um poder e outro. Juras que fizeram mais presente com a eleição do ex-presidente para vice-governador, e intensificaram sobremaneira quando o vice se tornou titular. Fortalecia, a partir de então, a cumplicidade existente. Mútua, inclusive. Nada se sabia a respeito do que passava entre as salas palacianas. Mesmo que fosse destempero verbal. Afinal, era grande a fidelidade dos parlamentares ao chefe do Executivo. Fidelidade que os fizera, desde 2003, “caititus“, no dizer de um deles. 
 
Estranham-se, muito, as críticas vindas da Assembléia. Até pela inexistência de oposição no seu interior. A menos que o presidente da Casa tenha pressentido algo tão ruim para seus sonhos político-eleitorais, a exemplo de alguém – da base - está tramando lhe deixar de fora da majoritária nas maquetes do tablado de 2014. 
 
Isso, sem dúvida, explica as críticas contra a administração do peemedebista. Críticas, que no entender do governador, não passam de “divergências de opiniões”. Estas, no entanto, de forma nenhuma, expressam a realidade vivenciada. Uma realidade cuidadosamente desenhada por interesses particulares, onde o futuro político de cada um de seus artífices se choca entre si, formando uma colisão. Tão forte quanto a de dois BRTs. Daí o uso do discurso ideológico, com as reivindicações de servidores sendo levadas como bandeiras de pressão. Pressão para mudar as posições dos políticos no xadrez da política regional.

Quadro que se completa com o aparecimento do PSD. Partido que “vende” uma imagem de independência, de autonomia. Embora sua cúpula nacional já tenha agendado uma audiência com a presidente do país, e a regional – com vistas às eleições futuras - busca maior espaço no governo estadual, à moda do PP/MT e do PMDB/Nacional. Fórmula antiga. Porém, bastante utilizada para acomodar insatisfeitos e descontentes.            

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.   


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