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Opinião
Quinta - 29 de Setembro de 2022 às 11:02
Por: Laerte Basso

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A menstruação ocorre normalmente no intervalo de 28 a 30 dias, o que consiste no espaço de tempo entre uma menstruação e outra e que faz parte do processo reprodutivo da mulher.


Ou seja, a menstruação nada mais é do que um sinal fisiológico de que a mulher concluiu um ciclo preparatório para uma gravidez que simplesmente não ocorreu. Todos os meses, o útero se prepara para receber um embrião. Quando isso não ocorre, o endométrio, tecido que reveste o órgão, se desprende e é expelido com o sangue da menstruação.

Esse ciclo menstrual é um período que costuma causar desconforto para as mulheres, como cólicas, dor de cabeça, irritabilidade, inchaço e dor nas mamas e mudanças de humor.

Há quem a considere algo natural e fisiológico que não deve ser visto como um problema, e há também aquelas que, se pudessem, não menstruariam nunca mais por conta dos sintomas.

É possível, sim, suspender o ciclo menstrual por tempo indeterminado, principalmente quando representa uma opção para mulheres que sofrem com endometriose, anemia falciforme, cistos no ovário, miomas e TPM .

No entanto, é importante discutir as implicações da escolha de parar de menstruar, até como forma de conhecer melhor o próprio organismo. Antes de tomar uma pílula, é preciso conversar com um especialista.

Como todo medicamento, as pílulas anticoncepcionais podem ter efeitos adversos, afinal contêm hormônios artificiais cuja função é alterar o período ovulatório e menstrual. O tempo de adaptação aos medicamentos pode durar de três a seis meses e algumas mulheres podem ter dores de cabeça, irritabilidade, ansiedade e enjoos, além de pequenos sangramentos conhecidos como escape.

Se administrados a longo prazo, os anticoncepcionais que contêm estrogênio elevam o risco de trombose. Costuma ser um evento raro, mas é recomendado que o ginecologista investigue o histórico de cada paciente antes de receitar a medicação.

Além dos contraceptivos orais, há outros meios de interromper a menstruação, como por exemplo o DIU, que tem duração de cinco anos, os anticoncepcionais injetáveis trimestrais e os implantes contraceptivos subcutâneos, com duração de três anos.

Quem pode parar de menstruar?

Se uma mulher é saudável, não apresenta disfunções menstruais, nem sangramento anormal, mas quer suspender a menstruação mesmo assim, ela pode fazer isso. É uma decisão pessoal e que deve ser tomada em conjunto com o ginecologista, de preferência em uma conversa aprofundada.

É preciso saber se a paciente tem alguma doença, se faz uso de outras medicações, se já realizou cirurgias, se tem vícios, histórico de câncer, trombose, infarto ou AVC na família, quando foi sua primeira menstruação, como são os seus ciclos, seus hábitos de vida e sexuais

Infertilidade?

Ao parar de utilizar o anticoncepcional, o retorno à fertilidade deve ser rápido — teoricamente, o próximo ciclo menstrual após a suspensão do método deve ocorrer normalmente. Nas pacientes que usam anticoncepcionais injetáveis, esse retorno aos ciclos ovulatórios pode levar mais tempo, pois uma parte da medicação pode demorar mais para ser metabolizada no organismo.

Portanto, embora possa levar um período até que a menstruação seja regularizada em alguns casos, não há risco de perda da fertilidade em decorrência do uso do método. Pelo contrário, a pílula anticoncepcional é, inclusive, utilizada em alguns casos de reprodução assistida, para programar o ciclo antes da estimulação ovariana.

O mais importante é que as mulheres sejam orientadas pelo médico a respeito do funcionamento do próprio corpo e das formas de lidar com seu ciclo menstrual, que podem incluir ou não medicamentos, para poderem escolher o que é melhor para si.

Laerte Basso é ginecologista e obstetra em Cuiabá (MT).



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