A beleza da equidade Não podemos reproduzir o modo machista de noticiar violência contra a mulher
Equidade é, sem dúvida, uma palavra linda na estética e representativamente.
Quer dizer igualdade, imparcialidade, isenção, retidão, conformidade...
Analisada etimologicamente, torna-se ainda mais bela.
Substantivo feminino, seu sentido é a adaptação da regra existente à situação concreta para tornar a realidade o mais próximo possível do justo entre as duas partes.
Entendo que, de acordo com essa teoria, quando se trata do homem e da mulher, o emprego da equidade somente se concretiza pelo senso da igualdade de direitos.
Por que esse antelóquio?
Porque venho indignando-me, não de hoje, com a maneira com que o machismo estrutural, impregnado até em nós mulheres, transforma em afrontosas as argumentações, julgamentos, práticas e até nossa escrita jornalística sobre praticamente tudo em torno da mulher.
Noticiar sugestionando uma atitude da mulher como causa e/ou motivação para o assédio moral ou sexual e as diversas formas de violência, como sexual e física, é o mesmo que culpabilizar a vítima
Neste artigo em específico, limitarei ao nosso papel enquanto formadores de opinião.
Nós, jornalistas, não podemos continuar reproduzindo o modo machista de informar casos de violência contra a mulher e outras situações ou conjuntas do universo feminino.
Noticiar sugestionando uma atitude da mulher como causa e/ou motivação para o assédio moral ou sexual e as diversas formas de violência, como sexual e física, é o mesmo que culpabilizar a vítima.
O crime pode ter uma causa, sim, mas isso não quer dizer que o comportamento do outro obrigatoriamente moveu e transportou o criminoso para o desfecho da violência.
Excetuando a legítima defesa.
Ao fazermos conclusões em uma determinada notícia, se realmente essas forem necessárias, que seja para levar a reflexões e possíveis mudanças comportamentais de homens e mulheres.
E, principalmente, que a notícia prime pela informação do fato.
Se a escrita for feminina, então, que não nos esqueçamos da empatia e da sororidade.
Se for masculina, que além de se ater ao fato, exercite a empatia e sensibilidade à luta pelo fim da violência contra a mulher.
Nem que seja pelo “simples” fato de ser fruto, pai, irmão, tio, primo, avô... de uma mulher.
Se histórias de luta e superação inspiram positivamente o leitor, o contrário também acontece, conforme fazemos as narrativas e contextualizações dos fatos.
Além de externar frustrações, machismo e outros sentimentos próprios de comportamentos doentios, determinados comentários postados por leitores podem ser o termômetro de que precisamos para medir nossa capacidade de formar opinião.
Alecy Alves é jornalista e bacharel em Serviço Social em Cuiabá
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