Atentos e fortes
A democracia venceu no domingo (31.10.22). O Bolsonaro perdeu, mas o bolsonarismo continua aí. Ele representa tudo que há de ruim: racismo, homofobia, misoginia, intolerância religiosa e por aí vai. Por isso, é papel de todos nós, os democratas, quem roga por um país socialmente mais justo e diverso, combater essa praga diuturnamente.
Não tem diálogo com fascistóide. É eles que tem que compreender que o Brasil é diverso nas religiões, nas cores de seu povo e nas orientações sexuais. Inclusive, foi isso que Bolsonaro não entendeu, e daí se explica um pouco sua derrota.
Lula, é o maior líder da América Latina do último século, mas Bolsonaro, por outro lado, morreu pela boca, pela retórica fascistóide, e, na prática, fez uma PÉSSIMA gestão, no final das contas.
Na condução da Pandemia, atrasou a vacina, negou ciência, fez charlatanismo com cloroquina e debochou de quem sentiu falta de ar. PÉSSIMO!
No Meio Ambiente, enfraqueceu os órgãos de fiscalização e incentivou a invasão de garimpeiros e madeireiros ilegais em terras indígenas, sobretudo na floresta amazônica. PÉSSIMOO!
No âmbito social, diante dum contexto pandêmico, não promoveu políticas de estado para garantir a segurança alimentar do povo brasileiro. Os preços dos alimentos da cesta básica foram para a estratosfera: arroz muito caro, feijão muito caro, carne, nem se fala! PÉSSIMOOO!
Na economia, outro desastre. Inflação nas alturas. Preços dos combustíveis a sete reais, em grande parte de seu governo. Aí, a seis meses das eleições, faz estelionato eleitoral pra abaixar os preços dos combustíveis e turbinar o auxílio emergencial, através de uma PEC que ficou conhecida como Kamikaze. PÉSSIMOOOO!
Olha, fiquei muito feliz com a vitória do Lula, principalmente por conta da minha família, que representa um pouco dessa diversidade brasileira que é maravilhosa. Em casa temos um preto, uma branca (antirracista), um casal homoafetivo, e um filhinho com deficiencia visual em um dos olhos. Então, não queria mais quatro anos de governo fascistóide nem a pau!
Quando deu matematicamente Lula eleito, pense no alívio da pessoa. Chorei compulsivamente, caí de joelhos, liguei meu som nas alturas e cantei: “AMANHÃ, SERÁ UM LINDO DIA, DAS MAIS LOUCA ALEGRIA, QUE SE POSSA IMAGINAR. AMANHÃ, MESMO QUE UNS NÃO QUEIRAM. SERÁ DE OUTRO QUE ESPERAM. VER O DIA RAIAR…"
E o dio raiou, com um presidente eleito que respeita a diversidade. Que fala em livros para as crianças, e não em armas. Que se preocupa com os mais pobres. Que entende que a Amazônia vale mais em pé do que derrubada. Que é um conciliador, um democrata, que disse que governará para os 215 milhões de brasileiros, mas que seu foco será em cima das pessoas que mais precisam.
Tenho muitas esperanças com o Lula, mas vou cobrar ações do governo dele e suas promessas. Ah se vou cobrar! Vou ficar em cima, marcação cerrada, e se vacilar, vai pagar, assim como Bolsonaro pagou. O povo cobra. O povo tem sua sabedoria. Vota com base no que sente na pele…
Mas sigamos firmes, pessoal. Sem esmorecer. Atentos e vigilantes. Sempre!
E outra: a bandeira, que se você pegar a história**, nem foi constituída popularmente, mas, no final das contas, também é NOSSA! É de todos os brasileiros e brasileiras e vamos resgatá-la: ressignificá-la.
Ontem, quem venceu foi o Brasil. Foi a democracia.
*Marcio Camilo é jornalista, quilombola, músico e Mestre em Comunicação e Poder pela Universidade Federal de Mato Grosso
**As cores da atual bandeira do Brasil, na verdade, representam um simbolismo criado pela aristocracia luso-brasileira, sendo o verde representando a Casa de Bragança, da qual Dom Pedro I pertencia. Já o amarelo, por sua vez, representava a Casa de Habsburgo, que representava a Imperatriz D. Maria Leopoldina - esposa de Dom Pedro I.
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