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Opinião
Sexta - 04 de Novembro de 2022 às 03:59
Por: Juliana Miranda

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O câncer de colo de útero é uma das neoplasias mais recorrentes em mulheres e inicialmente é assintomático. No Brasil, é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres. Para o ano de 2022 foram estimados 16.710 casos novos, o que representa uma um risco considerado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres, de acordo com o Instituto do Câncer (Inca).

É causado pela infecção recorrente de alguns tipos do vírus Papiloma Vírus Humano-HPV, mas apesar da infecção pelo HPV ser muito incidente, nem todas as infecções causam o câncer.

Existem outras causas como baixa imunidade, genética, comportamento sexual de risco, o tabagismo, iniciação sexual precoce e a multiplicidade de parceiros sexuais (International Collaboration of Epidemiological Studies of Cervical Cancer, 2007; 2009).

A idade também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que acima dessa idade a persistência é mais frequente.

Sintomas surgem somente em quadros mais avançados com surgimento de corrimentos anormais, sangramento entre as menstruações, dor ou sangramento após a relação sexual, dor ao urinar, sensação de urgência para fazer xixi, constipação e/ ou sangramento intestinal

A prevenção primária, se dá através da vacinação contra o HPV, que no Brasil, é ofertada gratuitamente pelo SUS às meninas de 9 a 14 anos e aos meninos de 11 a 14 anos. Usar preservativos também evita a contaminação por HPV. Já a prevenção secundária, se dá por meio do exame conhecido como Papanicolau.

O tratamento varia de acordo com cada caso e pode envolver cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, que na maioria das vezes deixa sequelas nas pacientes.

A fisioterapia pélvica vem nos pós tratamento dos tumores, tratando as mucosites vaginais (inflamações na mucosa da vagina, que podem surgir durante a quimioterapia), as radiodermites (queimaduras da pele, induzidas pela radioterapia), e tratando e evitando incontinências urinárias e fecais.

A reabilitação envolve autoconhecimento da pelve por parte da paciente e capacitação das estruturas envolvidas, garantindo que essa mulher volte a ter qualidade de vida.

Uma outra disfunção Pós Radioterapia na região pélvica é a Estenose Vaginal, que causa o encurtamento e estreitamento do canal vaginal. A estenose apresenta repercussões negativas pois além de dificultar a realização de exames ginecológicos que requerem a visualização da vagina e do colo do útero, a paciente pode cursar com dor ou até mesmo a impossibilidade de manter relações sexuais, o que afeta a autoestima feminina gerando impactos emocionais.

Por meio da fisioterapia pélvica é possível tratar ou prevenir essas complicações, como por exemplo exercícios terapêuticos, fortalecimento do assoalho pélvico, massagem perineal, dentre outros.

Portanto, é importante uma consulta fisioterapêutica adjunta ao início do tratamento clínico do câncer. No primeiro contato é realizada a avalição pélvica e coletado todo histórico de saúde da paciente, para orienta-la sobre as possíveis alterações que podem ocorrer durante o tratamento, promovendo educação em saúde, pois através do autoconhecimento as próprias pacientes, identificarão se alguma alteração vier a surgir e iniciarão de forma precoce a reabilitação.

Juliana Miranda é fisioterapeuta pélvica, especialista em disfunções urinárias, proctológicas e sexualidade feminina e integra a equipe multidisciplinar do IGPA



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