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Opinião
Sexta - 18 de Novembro de 2022 às 09:03
Por: MARIA AUGUSTA RIBEIRO

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Embora o uso da tecnologia como ferramenta seja muito promissor para nossos filhos, o uso indevido das telas tem um efeito oposto. O chamado “tempo de tela” tem sido fator de falta de sociabilização e insucesso escolar das crianças.

Não é difícil ver como a atividade online das crianças interfere em comportamentos corriqueiros da infância, seja ao se alimentar de forma saudável, hábitos de sono adequados e ate o ócio.

Mas o que é tempo de tela?

O termo “tempo de tela” se refere ao período de utilização de dispositivos digitais, como: TVs tablets, celulares, computadores e videogames.

Quando a organização mundial de saúde diz que a faixa etária do seu filho deve ser exposta as telas em apenas 1 hora. Isso significa que se ele tiver acesso a um PC + Tablet + smartphone + Tv = 1 hora de uso total, não 1 hora em cada dispositivo.

O “tempo de tela” pode roubar das crianças a oportunidades de desenvolver habilidades essenciais de aprendizado, identificação das emoções e empatia.

Segundo a pesquisa TIC KIDS Brasil de 2022, 99% das crianças e jovens de 5 a 15 anos usam telas para entretenimento desenfreado.

Novas pesquisas do mundo da neurociência mostram ainda sinais mais alarmantes. Especificamente, quando esse “tempo de tela” é feito de forma excessiva as crianças acabam por nao conseguir controlar impulsos.

O tempo de tela excessivo está conectando os cérebros das crianças de maneiras que podem dificultar o aprendizado em sala de aula, a auto regulação, higiene pessoal, e o aumento do isolamento social.

Muito “tempo de tela” pode negar às crianças oportunidades de interagir com as pessoas. É especialmente importante que as crianças pequenas tenham bastante prática de ouvir, falar e ler por exemplo.

A linguagem oral é fundamental para a leitura. E ambas as habilidades são essenciais para uma vida adulta plena. Um estudo da Universidade de Michigan descobriu que o maior problema das telas “é se o uso causa problemas em outras áreas da vida ou se tornou uma atividade que consome tudo”.

Muitos aplicativos e jogos são inteligentemente projetados para prender nossa atenção e usar “truques psicológicos” para nos manter usando e roubando nossa atenção com programas de recompensa, notificações e o medo de ficar desconectado.

As crianças esperam o nível de excitação, estimulação e recompensas instantâneas. Especialmente, fornecido por streaming, videogames e pela passagem do dedo na tela navegação na internet de forma infinita. Como resultado, seus cérebros não estão prontos para aprender e um mundo onde tudo é diversão não criaremos pessoas aptas a ser resilientes.

Muito do conteúdo da tela é instantaneamente divertido e oferece às crianças poucas chances de praticar a paciência. Especialmente em sala de aula, alunos de todo o mundo relatam problemas em ser criativos, ter ideias profundas ou exercitar o senso critico.

A resolução de problemas exige que os alunos tenham a capacidade de pensar de forma crítica e criativa. E se não conseguem fazer isso quando são pequenos como farão quando forem adultos?

Para ajudar os pais existem muitos aplicativos que regulam as telas dos pequenos, mas o ideal é postergar o uso da tecnologia ao máximo.

Muitas vezes o medo que os pais e mães tem em que o filho seja excluído socialmente por não usar a tecnologia faz o tempo de tela ser um vilão nos lares.

Tempo de tela deve ser apenas um termo de uso equilibrado da tecnologia, não um motivo de preocupação e impactos na saúde física e mental de crianças viciadas. Para isso os pais e mais devem começar dando o exemplo de uso saudável das telas e ofertar um tempo de qualidade aos pequenos.

Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia.



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