MARIA AUGUSTA RIBEIRO
Porque tempo de tela importa? Quais são os impactos na saúde das crianças expostas as telas
Embora o uso da tecnologia como ferramenta seja muito promissor para nossos filhos, o uso indevido das telas tem um efeito oposto. O chamado “tempo de tela” tem sido fator de falta de sociabilização e insucesso escolar das crianças.
Não é difícil ver como a atividade online das crianças interfere em comportamentos corriqueiros da infância, seja ao se alimentar de forma saudável, hábitos de sono adequados e ate o ócio.
Mas o que é tempo de tela?
O termo “tempo de tela” se refere ao período de utilização de dispositivos digitais, como: TVs tablets, celulares, computadores e videogames.
Quando a organização mundial de saúde diz que a faixa etária do seu filho deve ser exposta as telas em apenas 1 hora. Isso significa que se ele tiver acesso a um PC + Tablet + smartphone + Tv = 1 hora de uso total, não 1 hora em cada dispositivo.
O “tempo de tela” pode roubar das crianças a oportunidades de desenvolver habilidades essenciais de aprendizado, identificação das emoções e empatia.
Segundo a pesquisa TIC KIDS Brasil de 2022, 99% das crianças e jovens de 5 a 15 anos usam telas para entretenimento desenfreado.
Novas pesquisas do mundo da neurociência mostram ainda sinais mais alarmantes. Especificamente, quando esse “tempo de tela” é feito de forma excessiva as crianças acabam por nao conseguir controlar impulsos.
O tempo de tela excessivo está conectando os cérebros das crianças de maneiras que podem dificultar o aprendizado em sala de aula, a auto regulação, higiene pessoal, e o aumento do isolamento social.
Muito “tempo de tela” pode negar às crianças oportunidades de interagir com as pessoas. É especialmente importante que as crianças pequenas tenham bastante prática de ouvir, falar e ler por exemplo.
A linguagem oral é fundamental para a leitura. E ambas as habilidades são essenciais para uma vida adulta plena. Um estudo da Universidade de Michigan descobriu que o maior problema das telas “é se o uso causa problemas em outras áreas da vida ou se tornou uma atividade que consome tudo”.
Muitos aplicativos e jogos são inteligentemente projetados para prender nossa atenção e usar “truques psicológicos” para nos manter usando e roubando nossa atenção com programas de recompensa, notificações e o medo de ficar desconectado.
As crianças esperam o nível de excitação, estimulação e recompensas instantâneas. Especialmente, fornecido por streaming, videogames e pela passagem do dedo na tela navegação na internet de forma infinita. Como resultado, seus cérebros não estão prontos para aprender e um mundo onde tudo é diversão não criaremos pessoas aptas a ser resilientes.
Muito do conteúdo da tela é instantaneamente divertido e oferece às crianças poucas chances de praticar a paciência. Especialmente em sala de aula, alunos de todo o mundo relatam problemas em ser criativos, ter ideias profundas ou exercitar o senso critico.
A resolução de problemas exige que os alunos tenham a capacidade de pensar de forma crítica e criativa. E se não conseguem fazer isso quando são pequenos como farão quando forem adultos?
Para ajudar os pais existem muitos aplicativos que regulam as telas dos pequenos, mas o ideal é postergar o uso da tecnologia ao máximo.
Muitas vezes o medo que os pais e mães tem em que o filho seja excluído socialmente por não usar a tecnologia faz o tempo de tela ser um vilão nos lares.
Tempo de tela deve ser apenas um termo de uso equilibrado da tecnologia, não um motivo de preocupação e impactos na saúde física e mental de crianças viciadas. Para isso os pais e mais devem começar dando o exemplo de uso saudável das telas e ofertar um tempo de qualidade aos pequenos.
Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia.
Comentários