Responsabilidade com o futuro Desponta no horizonte sinais de que estamos chegando num ponto de não retorno
Em meio a um conturbado momento político em nosso país, desponta no horizonte sinais de que estamos chegando num “ponto de não retorno”, expressão essa usada em referência a trajetos longos mas que muito bem se aplica a questão ambiental global e ao futuro de nossos netos.
Por mais que pareça senso comum e os alertas estejam chegando há mais de três décadas, compromissos oficiais assumidos por nações passam longe de suas metas e o poder econômico imediato sobrepõe os riscos que as mudanças climáticas trazem, em especial o aquecimento global.
Estive na COP27 que ocorreu no Egito, representei o parlamento do Estado que mais produz no Brasil, talvez o que mais produz no mundo per capita, e se existe um local que o clima é de interesse para a geração de renda, é aqui.
Somos referência na produção de soja, milho, algodão e diversos outros cultivos, e, embora o trabalho de combate aos crimes ambientais do Governo de Mato Grosso esteja sendo tratado de forma séria, ainda temos índices de degradação muito acima dos aceitáveis. Isso precisa mudar e pra já.
Longe do papo verde deslocado da realidade social, penso que estamos diante de uma encruzilhada que apresenta de um lado a continuidade de um modelo que está dando certo, mas que no futuro entrará em decadência e cobrará seu preço pelos dias de hoje.
De outro lado, um caminho que traz inconvenientes e problemas para as mãos de nossa geração, mas promete um retorno com sucesso econômico atrelado a mais alguns séculos de existência humana nos moldes que conhecemos hoje.
Não tenho dúvida de que independente das mudanças o ser humano irá sobreviver, mas a qual preço? Dos oito bilhões de pessoas que povoam nosso planeta hoje, quantas terão descendentes vivos daqui a cem anos se nada mudar?
São perguntas que nem eu e nem a ciência têm resposta, mas o problema está posto: segurar o aumento da temperatura em 1,5ºC nos próximos 50 anos.
Volto do Egito motivado a agir regionalmente mas pensando no global, discutir políticas públicas que criem sinergia entre desempenho de produção de commodities mas que não pare nisso, que a industrialização seja o próximo passo, que a logística, como a ferrovia estadual que lutei no parlamento para que se tornasse realidade chegue e reduza custos e aumente a competitividade do produto mato-grossense com muito menos emissões de GEE, tudo isso aliado à políticas públicas e econômicas que induzam a sustentabilidade a longo prazo.
Localmente, temos batalhas em campo aberto para lutar, a começar pela redução drástica das queimadas e dos desmatamentos irregulares, inclusive, ambos pertencendo ao mesmo processo de ocupação ilegal, pois o fogo é usado para limpar a área a ser derrubada e utilizada para fins agropecuários que mancham a reputação de Mato Grosso e ocasionam a desvalorização dos produtos da terra no mercado internacional.
Quanto ao clima global, os sinais práticos estão disponíveis para todos verem: secas mais longas, chuvas mais intensas, furacões, tudo numa frequência cinco vezes maior que há 4 décadas atrás.
O potencial para economia verde no Brasil é sem igual, temos os maiores índices de irradiação solar para produção de energia elétrica fotovoltaica, ventos nas costas para produção eólica, recursos hídricos e solo próprio para produção e ricos em minérios.
O que falta para uma mudança significativa é consciência social, tanto por parte da população, empresários, assim como poder público, do qual faço parte. Os dias na COP27 foram um divisor de águas e a atividade legislativa de Mato Grosso entregará o que há de melhor para o nosso povo.
Max Russi é deputado estadual.
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