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Opinião
Sexta - 23 de Dezembro de 2022 às 08:42
Por: DEUSDÉDIT DE ALMEIDA

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As sublimíssimas palavras do prólogo do evangelho de João: “e a palavra se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14), constituem a grande mensagem do natal e ponto culminante da história da salvação.

O mistério do natal não é uma poesia. É a visita de Deus à história humana, trazendo a salvação, começando pelos últimos, que é a lógica do amor de Deus. O mistério da encarnação é o maravilhoso encontro da vida divina com a vida humana.

Por tanto, a finalidade do mistério da encarnação não pode ser outra que a redenção do ser humano que se realiza plenamente com a Páscoa.

A euforia das compras dos presentes e a ânsia de consumo, que aguçam os corações e mentes no natal, não devem ofuscar ou desviar nosso olhar da reconfortante notícia comunicada pelo anjo aos pastores: “Eis que vos anuncio uma grande alegria: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor (Lc 2,10)”.

Esta salvação prometida por Deus aos homens em sua mensagem aos patriarcas e profetas, torna-se realidade concreta com a vinda de Jesus, o messias esperado. As profecias se realizaram! As promessas de Deus se cumpriram! A revelação bíblica, nas palavras do profeta Isaias, nos apresenta Jesus como o “Emanuel”, isto é, o “Deus-conosco”.

Alguém que vem para ser nosso amigo, nosso companheiro de jornada e de história. Assim o natal de Jesus se torna a plena inserção de Deus no contexto vivencial humano. Esta visita salvadora de Jesus ao mundo é um gesto de profunda solidariedade de Deus com a humanidade pecadora.

Na contemplação ao presépio, somos convidados a fazer a experiência do amor gratuito e solidário com todos os irmãos. O natal quer nos comunicar a mística da vida fraterna, da comunhão e harmonia com as pessoas.

Esta grande festa da fraternidade universal se reveste de uma certa ternura e magia, despertando nas pessoas sentimentos cristãos, muitas vezes adormecidos, como: alegria, amizade, confraternização, gestos de bondade e reconciliação com o próximo. As relações de amizades foram, neste ano, abaladas pelas discórdias, disputas políticas e polarizações ideológicas desnecessárias.

A não aceitação do contraditório inundaram os encontros familiares. Por isso, para celebrarmos um natal de paz precisamos desarmar os espíritos, buscar a concórdia, a pacificação familiar e a reconciliação com todos e todas, até com nossos desafetos. Lembremos que a verdadeira amizade é um bem que vem de Deus e à Deus deve levar, e está acima das nossas diferenças pessoais.

Os verdadeiros amigos são presentes que se fazem presentes o ano inteiro, sobretudo, nos momentos difíceis da vida! Pois, são os tempos difíceis que revelam grandes amigos. Acolhamos com alegria o Divino Salvador. Acolher Jesus é seguir uma estrada cujo fim realiza o mais profundo desejo do coração humano: amar a Deus, que nos amou primeiro.

Enfim, natal é convite para o homem trilhar o caminho da retidão, da solidariedade, da compreensão, da tolerância, da humildade, da mansidão e ternura com as pessoas, mesmo às vezes que somos questionados e criticados.

Disse Santo Agostinho: “Prefiro os que me criticam porque me corrigem, aos que que me elogiam, porque me corrompem”. Feliz, santo e renovador natal para todos!

Deusdédit de Almdeira é padre da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus (Cuiabá).



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