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Opinião
Domingo - 07 de Agosto de 2011 às 23:45
Por: Lourembergue Alves

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Em política, tudo é possível. Inclusive a queda de braços entre os poderes. Aliás, é exatamente isso que se verifica hoje: de um lado o Legislativo regional e do outro, o Executivo estadual. É real, aqui, a falta de diálogo. Não apenas entre os parlamentares e o governo, mas também entre estes e a sociedade. Situação complicada. Bem mais quando se percebe que a solução para esse impasse trará prejuízos as pessoas, enquanto o chefe da administração pública do Estado se curvará diante dos caprichos políticos de parlamentares. 
 
O curvar-se diante de acusações contra alguns secretários são etapas de um mesmo jogo. Um jogo em que os lances mais decisivos se dão nos bastidores. Longe dos olhos do cidadão. Este, então, vê a si próprio jogado ora para um extremo do tablado, ora para outro, conforme as ondas dos noticiários. Instantes em que se têm as negociatas. Daí o rifar das pastas. Processo denominado pelo governo de minirreforma. Curiosamente, no entanto, os nomes cotados para saírem são justamente aqueles que estão na berlinda, bombardeados pelos deputados estaduais. Pois chefiam secretarias de interesses de coronéis-parlamentares. São elas: Secretarias de Meio Ambiente, de Transporte e Pavimentação Urbana, de Educação e de Fazenda. 
 
Satisfeitos, a partir de então, os parlamentares se recolhem. Alguns deles com mais poder de barganha, e a sua sigla, com espaço ainda maior. E a pauta da discussão – discussão que nunca houve – desaparece como por encanto. Frustram-se todos. Mais ainda os grevistas que, novamente, tem suas reivindicações esquecidas em uma das gavetas palacianas, enquanto nova fotografia é fixada no gabinete central de seu local de trabalho, sob o batuque do “confiar”, “para ver como é que fica”. 
 
Quem “fica” pode “confiar, e este pode ser um “ficante”, a qual sempre será uma condição provisória. O que, cedo ou tarde, o antigo quadro volta à baila. Inclusive com a presença do Parlamento. Não na figura de mediador. Pois esta é uma tarefa que seus integrantes jamais gostariam de realizar. Até porque, nesse papel, nada receberiam em troca. Nem ao menos a “merenda”. Tão costumeiramente presente em todas as negociações que têm como protagonistas o Legislativo e o Executivo.
 Daí os ataques e contra-ataques veiculados pela imprensa, tais como “o governo não negocia com servidores em greve”, “governante que não dialoga com determinada categoria não está preparado para governar”, “ou se assessora melhor ou vai ter dificuldade de governar”, “quem manda na administração é o governador”. 
 
Frases duras. Sem que haja ferido algum. Nem mesmo o governador, que se sente acuado no plenário parlamentar, uma vez que o seu líder mostra acanhado e desajeitado com a função. Isso compromete a atual gestão. Esta se vê ainda mais comprometida quando se observa que lhe falta, inclusive, a figura de um articulador, capaz de servir de elo também com a população. 
 
Situação, de fato, bastante complicada. Complicação que se agrava dia a dia, com o peemedebista perdido em meio a um redemoinho político. Tanto que nada vale dizer que “manda no governo”, pois o retrato captado pelo contribuinte denuncia cenário bastante diferente. Reforçado por vozes dissonantes e contraditórias, em meio às quais aflora a figura apagada, destituída de luz própria. Cadê o programa governamental?         

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


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